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Há marmita, mas futuro é incerto. A realidade de quem ainda trabalha na Tupperware

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 horas atrás em 23-01-2025

Os 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância (Santarém), cujo futuro se mantém incerto, receberam carta de dispensa da apresentação ao trabalho até 07 de fevereiro, disse hoje à Lusa um funcionário da multinacional norte-americana.

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“A administração começou a dispensar trabalhadores por falta de serviço e para não estarmos lá parados começou a dispensar os trabalhadores para poderem ficar em casa, a receber com todos os direitos, com subsídio de alimentação e subsídio de turno, quem tivesse turnos”, disse hoje à Lusa um trabalhadores da fábrica instalada em Montalvo, cujo fecho estava anunciado para 31 de janeiro.

“A carta diz que fomos dispensados do serviço até dia 07 de fevereiro, salvo se a empresa precisar dos nossos serviços, e aí ligará para nos apresentarmos para trabalhar”, disse Rui Caseiro, com 47 anos de idade e 23 de casa.

Os 200 funcionários da Tupperware foram informados em 09 de janeiro que iriam continuar a trabalhar até final do mês, com o respetivo pagamento de vencimento, sendo o período agora alargado até 07 de fevereiro, mantendo-se a incerteza sobre o futuro da fábrica.

A carta de dispensa “não é ainda uma carta de despedimento”, notou Caseiro, tendo referido que as cartas foram entregues “de forma gradual e por secções”, e que os funcionários “podem ser chamados a retomar o trabalho”, havendo ainda a “esperança” que a empresa não feche portas e que os trabalhadores não vão para o desemprego.

“Começaram pela produção, que já estava parada há algum tempo, depois o pessoal da manutenção, e, por fim, o pessoal do armazém. Estávamos lá a acabar os trabalhos que faltavam. Estes também já estão em casa, é o meu caso. Penso que hoje, por aquilo que estive a falar com meus colegas, estão lá dois, três trabalhadores”, declarou Rui Caseiro.

Numa das cartas de dispensa, dirigida aos trabalhadores da produção e assinada pelo diretor da unidade fabril, a que a Lusa teve hoje acesso, pode ler-se que, “na sequência da reunião de 09 de janeiro de 2025 e conforme acordado, vimos pela presente comunicar que se encontra dispensado de comparecer ao serviço e prestar trabalho de 16 de janeiro a 07 de fevereiro de 2025, inclusive”.

A carta refere ainda que, “durante o referido período, [o trabalhador] fica dispensado dos deveres de assiduidade e pontualidade”, e que “esta dispensa não altera a sua situação laboral, mantendo todos os direitos e regalias, incluindo o pagamento da remuneração e respetiva contagem da antiguidade”.

Apesar da dispensa, o trabalhador “deverá manter-se disponível para colaborar com a Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos Lda ou retomar a sua prestação de trabalho quando tal lhe seja solicitado”, pode ler-se, comprometendo-se a empresa a “avisar com um dia útil de antecedência caso seja necessário retomar a prestação de trabalho”.

Rui Caseiro disse hoje à Lusa que “os vencimentos estão todos em dia”, incluindo o do mês de janeiro, tendo indicado que o futuro “continua incerto” e que “há interessados em tentar manter o funcionamento” da fábrica.

“Dizem que ainda há uma luz para o futuro. As pessoas andam na expectativa. Estamos na incerteza mesmo. As pessoas estão a viver um dia de cada vez”, afirmou.

Contactado o presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira disse hoje à Lusa que o processo negocial com o grupo de empresários portugueses interessados na fábrica da Tupperware continua a decorrer.

“As informações que tenho é que o processo negocial mantém-se. Vamos ver se nos próximos dias existem desenvolvimentos”, declarou, tendo feito notar que “o poder de decidir está nas mãos dos credores, dos investidores e dos fundos de investimento na América”.

Face a estas movimentações, Sérgio Oliveira disse existirem várias possibilidades, sendo que “a da insolvência é que ninguém quer”.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.

O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências diretas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo.

A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

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