Escolas

ESAC e sapadores unem-se e vão limpar mata

Notícias de Coimbra com Lusa | 7 horas atrás em 23-01-2025

 A Escola Superior Agrária de Coimbra iniciou esta semana uma operação na sua mata que serve também de formação a uma equipa de sapadores sobre uma outra forma mais criteriosa e sustentável de limpar as florestas.

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A iniciativa, numa parceria entre a Agrária e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), usa a própria mata daquela escola, constituída por espécies autóctones, como espaço de formação para mostrar uma outra forma de limpar as matas, que não passa por pura e simplesmente cortar toda a vegetação que possa existir, disse à agência Lusa o professor daquela instituição Joaquim Sande Silva.

“A esmagadora maioria das equipas de sapadores ocupa a esmagadora maioria do tempo a cortar vegetação de forma contínua, sem quaisquer critérios, e isso não é por culpa das equipas, que não têm formação, em muitos dos casos, para fazer algo diferente”, afirmou o docente, que tem investigado a área da gestão de combustíveis.

Segundo Joaquim Sande Silva, as operações de limpeza de terrenos e zonas florestais, que ganharam outra pujança após os grandes incêndios de 2017, cingem-se, na maioria das vezes, “a cortar tudo e a passar para o lugar seguinte”.

Para o professor da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), é preciso inverter esse paradigma e dar formação às equipas de sapadores sobre operações de restauro florestal.

A ideia passa por assegurar que estas equipas deem atenção a espécies de árvores autóctones que possam estar a despontar no local e que poderão, no futuro, já adultas, criar condições para “mais sombra, mais humidade, menos vento e menor temperatura no solo, o que dificulta a progressão do fogo”, ao contrário do que acontece em áreas abertas e arrasadas por motorroçadoras, afirmou.

“Outra grande vantagem é que esta forma de limpar previne a entrada de espécies invasoras, enquanto o trabalho feito atualmente por estas equipas potencia a entrada dessas espécies”, disse.

De acordo com o investigador, aquando dessas operações de limpeza, é importante as equipas identificarem potenciais árvores que possam assegurar sombra no futuro, assim como tirar ramos na zona inferior das copas, para quebrar a continuidade vertical de combustíveis e o fogo ter mais dificuldade em propagar-se.

“Infelizmente, a profissão de sapador florestal tem sido muito pouco valorizada e encarada de forma muito ligeira, em que é visto como o homem que chega, corta e limpa e não há mais nada para lá disso”, lamentou.

A formação que decorre na Agrária até ao fim do mês é com uma equipa de sapadores florestais de Montemor-o-Velho, numa parceria com a direção regional do ICNF.

Joaquim Sande Silva afirmou que há vontade de dar continuidade ao programa agora iniciado, nomeadamente criando uma unidade de formação de curta duração para equipas de sapadores centrada neste tipo de operações.

“Esta é uma iniciativa ao nível da região Centro, mas gostaríamos que se estendesse a todo o país”, disse.

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