Coimbra
Conhece realmente a história da Sé Velha?
Descubra um pouco da história da Sé Velha, um monumento emblemático da cidade de Coimbra com características singulares.
O nosso país tem uma longa história. Os quase 900 anos que passaram desde o momento da fundação do reino tornam Portugal numa das nações mais antigas da Europa.
Ao longo desse tempo, muitos monumentos foram erguidos que ajudam a explicar como foi o passado deste país. Uma cidade histórica como Coimbra tem um conjunto de monumentos de grande relevância. Um dos monumentos mais populares é a Sé Velha.
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A Sé Velha é um ponto fulcral que contribuiu para o desenvolvimento urbanístico da parte alta da cidade de Coimbra. Este monumento representa um espaço de confluência de diversas ruas da velha Coimbra. Descubra um pouco da história da Sé Velha, um monumento emblemático da cidade de Coimbra com características singulares.
Este monumento icónico de Coimbra foi edificado no século XII, em pleno reinado de D. Afonso Henriques. Foi em 1162 que se iniciaram as obras da Sé, com o bispo D. Miguel Salomão, numa obra que ficou a cargo do mestre-arquiteto francês Roberto.
O arquiteto francês dirigia a construção da Sé de Lisboa na mesma época, mas visitava Coimbra periodicamente. Contudo, como ele se encontrava em Lisboa, quem acabou por orientar as obras no local foi o mestre Bernardo, igualmente francês.
Mais tarde, quando este morreu, foi o mestre Soeiro que assumiu essa responsabilidade, o que aconteceu em 1172. Este arquiteto trabalhou posteriormente em igrejas na diocese do Porto. Foi por aqui que D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques, foi coroado o segundo rei de Portugal, o que aconteceu em 1185.
Ao longo do tempo, a Sé Velha sofreu várias intervenções. A mais importante delas aconteceu durante o bispado de D. Jorge de Almeida (1483-1543). Algumas inovações foram introduzidas no edifício durante a campanha de obras do século XVI. Entre as introduções destacam-se os portais renascentistas, nomeadamente a Porta Especiosa.
Características
O projeto do francês Mestre Roberto segue a segunda fase do estilo românico coimbrão. A Sé Velha revela-se um precioso documento da arte românica e renascentista em Portugal. A Sé Velha consiste na única catedral românica de Portugal da época da Reconquista, que sobreviveu até à atualidade relativamente intacta.
A construção deste templo marca uma rutura com o esquema das catedrais românicas seguido em Portugal até então (nomeadamente, em Braga e no Porto). Com este edifício religioso é dado o início de uma nova tipologia designada catedrais do sul (Coimbra, Lisboa e Évora).
Este monumento consiste num edifício de três naves, com transepto ligeiramente saliente, que apresenta torre lanterna sobre o cruzeiro e cabeceira tripartida. O exterior do templo é robusto e simétrico. A Sé Velha apresenta escassas aberturas e coroamento de ameias. O coroamento em ameias confere-lhe uma silhueta de fortaleza militar.
Nas naves laterais do templo, encontram-se diversos túmulos da época gótica (séculos XIII-XIV). Um dos exemplares mais incríveis é o túmulo de D. Vataça (ou Betaça) Lascaris, que se tratava de uma dama bizantina que chegou ao nosso país no início do século XIV, tendo acompanhado D. Isabel de Aragão, que vinha desposar D. Dinis, rei português.
Um dos seus destaques no exterior vai para o portal decorado sob clara influência islâmica.
Na fachada principal, rasga-se uma porta românica notável que merece uma referência especial, a “Porta Especiosa”, obra máxima do mestre João de Ruão e do escultor Nicolau de Chanterenne. Esta obra prima pela elegância e apresenta uma decoração inspirada no renascimento italiano.
Esta porta é composta por arquivoltas sustentadas em colunas, que se encontram adornadas com motivos de inspiração árabe e por janelão superior, onde o esquema arquitetónico é repetido.
No interior do templo, existem diversos destaques. A Capela do Santíssimo Sacramento é da autoria de João de Ruão, enquanto a Capela de São Pedro é atribuída a Nicolau de Chanterenne.
O retábulo da capela-mor é seguramente um elemento especial. Este retábulo foi executado pelos escultores flamengos Olivier de Gand e Jean d’Ypres, que criaram um retábulo em gótico flamejante.
Os capitéis apresentam uma decoração com temas vegetalistas e animalistas. Eles constituem o mais rico programa iconográfico do românico do nosso país. A ausência de figuras humanas e cenas bíblicas no templo é uma realidade que muitos historiadores remetem para o facto de se tratar de obra de artistas moçárabes que se tenham estabelecido na cidade conimbricense.
O claustro, iniciado em 1218, durante o reinado de D. Afonso II, também merece uma referência. Trata-se da primeira experiência gótica em Portugal. Este claustro é singular. Ele apresenta dimensões superiores ao habitual. Para haver lugar à sua construção, foi preciso destruir primeiro uma parte da encosta.
A Sé Velha é um monumento emblemático da cidade, sendo especial no percurso de qualquer estudante de Coimbra. Este templo desempenha um papel importante nas festas e tradições académicas, pois a emblemática serenata monumental que serve para marcar o início da Queima das Fitas é realizado anualmente na escadaria desta igreja.
Segundo a tradição, nessa noite, após se escutarem as doze badaladas, os estudantes, devidamente trajados, unem-se num estratégico coro de silêncio para terem a honra de escutar o Fado de Coimbra.
Para alguns estudantes, trata-se do primeiro dia em que trajam de negro. Por isso, este momento serve de inaugurar de uma longa caminhada que ficará para sempre na sua memória.
Este momento também é especial para outros que se encontram noutras circunstâncias, pois serve como momento de despedida. Logo, eles recordam todas as experiências vividas como estudantes em Coimbra, na cidade que lhes mudou a vida!
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