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Presépio monumental na Figueira da Foz celebra Natal e lembra tradição antiga

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 horas atrás em 23-12-2024

 Cerca de 150 figuras da autoria de artistas portugueses e espanhóis e pedras com 500 anos integram o presépio monumental da paróquia de Buarcos, na Figueira da Foz, que abre ao público na quarta-feira, dia de Natal.

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O presépio de grandes dimensões da vila piscatória de Buarcos é montado anualmente, há 40 anos, na capela de Santa Cruz da igreja de São Pedro, envolvendo a instalação de andaimes, para possibilitar que “as pessoas que nele trabalham afincadamente, possam andar em cima dele à medida que o vão construindo”, disse à agência Lusa o padre Carlos Noronha.

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Uma das particularidades do presépio é a de incorporar pedras com mais de 500 anos que pertenceram aos altares da primitiva igreja de São Pedro: “São bocados de colunas, voltas de pedra, ornamentos do século XVI, que fomos encontrando na reconstrução da igreja, tanto debaixo do chão, como dentro das paredes. Todas foram guardadas religiosamente e, na altura do Natal, integram o próprio presépio”, explicou o pároco de Buarcos.

Já as figurinhas do presépio, várias das quais animadas com um pequeno motor incorporado, são oriundas das escolas portuguesa (esta com origem na antiga fábrica de cerâmica de Coimbra) e espanhola de escultura, entre os quais “dois ou três conjuntos de artistas específicos”.

Carlos Noronha deu o exemplo da gruta – onde estão as figuras de Maria, José e do menino Jesus, para além dos dois animais, a vaca e o burro – e da anunciação do anjo como os conjuntos assinados por autores específicos.

Depois existem ainda dezenas de bonecos indiferenciados, alguns adquiridos em Sevilha, no sul de Espanha, “que juntos constituem cenários históricos ou engraçados”, como o mercado judaico, a matança dos inocentes (a morte das crianças à ordem do rei Herodes, na tentativa de matar Jesus) ou cenas de pastorícia, entre outras.

“O presépio de Buarcos tem, neste momento, à volta de 150 figuras. São guardadas uma a uma, ao longo do ano, num invólucro próprio, em armários a isso destinados, tal como as casas e o castelo, de onde só saem para o presépio”, disse o padre Carlos Noronha.

E se o presépio foi evoluindo em monumentalidade, valor e alguma tecnologia, tempos houve em que era construído com recurso a caixas de fósforos grandes que resultavam em pequenas casas, outros edifícios em madeira e papel colorido e fontes e cascatas animadas com motores retirados a velhas máquinas de lavar roupa.

Em alguns anos, acrescentou, o presépio fica exposto ao público até ao dia 02 de fevereiro, data que celebra a chegada do menino Jesus, com poucas semanas de vida, ao templo de Jerusalém, “que é quando, verdadeiramente, termina o Natal”, uma tradição que caiu em desuso celebrar em Portugal, notou.

Esta tradição do 02 de fevereiro, continuou Carlos Noronha, mantém-se viva em algumas comunidades cristãs em França, “mas em Portugal perdeu-se por completo”.

“Entrámos numa linha quase redutora e é pena, porque dá-me ideia que se perdeu um bocadinho a mística deste tempo e daquilo que ele significa”, argumentou o pároco de Buarcos.

O padre, que celebra 50 anos de ordenação em março de 2025, disse ainda que os 40 dias na religião católica – sejam os contados entre o Natal e a chegada de Jesus ao templo, sejam os 40 dias da Quaresma que se guardam até à Páscoa – “são o tempo de preparação necessário para que a luz fique no contexto da vida da humanidade”.

No concelho da Figueira da Foz, no entanto, o 02 de fevereiro é celebrado na povoação da Serra da Boa Viagem, na festa da Senhora das Candeias, “que é quando Nossa Senhora leva a luz nos braços, que é o seu filho, ao templo”.

“E o povo diz a festa das Candeias, a festa da luz, a chegada de Jesus Cristo à dimensão vivencial e cultual da humanidade”, explicitou Carlos Noronha.

Na Figueira da Foz, a época natalícia integra uma outra tradição própria do município litoral do distrito de Coimbra, o cortejo dos Reis Magos, na noite de 05 de janeiro.

Na prática, trata-se não de um, mas de dois desfiles (com seis Reis Magos, no total), promovidos pelas sociedades filarmónicas Figueirense e 10 de Agosto (a que se seguem representações de autos pastoris), que partem de locais diferentes da cidade – um a leste, outro a oeste – convergindo para o presépio instalado na zona ribeirinha, junto à praça 08 de Maio, onde os esperam centenas de pessoas.

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