Opinião
Tende vergonha!
Foi um brinde. Uma festa. Um bodo. A greve dos funcionários dos impostos foi uma desnecessidade. Já é o cidadão que, sozinho, faz tudo no computador, logo a necessidade destes profissionais é residual, ainda assim, lá nos brindaram com uma atuação.
Vejam, até já sabemos que Portugal vai receber, pelo Mundial 2030 que cá chegará, 400 milhões de euros de receita fiscal.
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Na Madeira, mais uma dissolução. O tipo que não vê imagens na televisão, o dissolvente, sorridente por ocupar o palco do mítico auditório do país.
A última campanha para as legislativas de Março último, custou mais 2,5 milhões de euros do que os partidos tinham previsto, um aumento de 31,2% em relação às eleições de 2022.
É quanto custam as brincadeiras. Já das contas, o fiscal diz o costume, faltam meios e há pedidos a mais.
Entretanto rejeitam-se pedidos de jornalistas, como se impedem jornalistas de acompanhar eventos como manifestações. E há que justificar pedido para cumprir com o papel da imprensa.
As dificuldades no acesso aos registos de interesses dos políticos só encontram paralelo no Martim Moniz, lá no Sul.
Dois detidos e 100 artigos contrafeitos apreendidos. E foi o que se viu, um Estado de mãos na ramona e rede ao largo. Venham todos. Parecem os subúrbios de Damasco.
É a guerra, num país que precisa de emigrantes, marcha musculo, operação policial militarizada para apreender armas. Um x-acto. Uma medalha. Já.
Fechar uma rua inteira, encostar pessoas à parede, só porque não têm a cor da nossa pele é estranha faina.
Ainda mais quando o contramestre nos diz que a orientação é do Estado.
Cada vez mais popularizada, emigração e segurança, bailam juntas. E quem vive longe, onde se mata e a criminalidade é violenta, nem um resquício dessa poderosa e fecunda autoridade do Estado.
Sendeiros, aprovaram ainda uma proposta de lei que aumenta as penas para agressões contra polícias, profissionais de saúde ou bombeiros e isenta-os de custas.
Toma cidadão, apontamentos oníricos, melodias melancólicas.
A embaixada lá em Kiev leva umas bojardas e aí já somos fracos com os fortes. Nem comentamos. Foi um efeito colateral.
Dos Estados Unidos, o cão a ladrar pela venda de gás e petróleo e nós a descarbonizar. E todos felizes, agora que vão deportar os emigrantes portugueses. Não temos emenda.
Um sucesso, quase tão perfeito como a serra da Estrela.
Esquecida a justiça para com as populações afetadas pelos incêndios de agosto de 2022.
Há prioridades. Aumentar o sentimento de segurança, ou lá o que isso seja, é que rende. Para a Estrela vão 1,5 milhões de euros. Geridos a partir de Coimbra, com a crítica do povo.
Têm razão. E aqui o digo, no sítio próprio. Têm razão.
Mas enfim, estamos assim tomados por um grupelho. Um grupelho de percecionados, que comunga e celebra Natal, enquanto o país regride, em direitos de opinião, livre circulação, liberdade de imprensa e, agora, confinados. Pela segunda vez.
Tende vergonha.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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