Política
Mário Centeno defende em Coimbra continuação da redução das taxas de juro para Europa crescer
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, reafirmou hoje a necessidade de se continuar com uma política de redução das taxas de juro para que a economia europeia, que está “estagnada”, possa voltar a crescer.
Numa aula aberta à comunidade escolar da Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, Mário Centeno salientou que a Europa tem hoje a “inflação controlada”, considerando que o valor da taxa em novembro na zona euro, apesar de ter subido, “é totalmente compatível com a estabilidade de preços”.
O valor “foi, aliás, abaixo daquilo que eram as próprias previsões do final de verão do BCE [Banco Central Europeu]”, notou o governador do BdP, alertando que a economia europeia está “estagnada”, sendo “muito importante que o investimento volte à Europa”.
“Nós não temos investimento suficiente e é necessário que a política monetária continue o seu caminho de redução das taxas de juro para níveis compatíveis com a estabilidade de preços de médio e longo prazo, para que a economia europeia possa voltar a crescer”, referiu.
Na sua apresentação, que durou cerca de meia hora, antes de responder a perguntas de alunos, Mário Centeno abordou a inflação e a pandemia, mas centrou-se sobretudo naquele que considera ser o mais importante investimento do país – aquele feito na educação -, dando nota do atraso de Portugal, na entrada do século XXI, face aos níveis de escolaridade da população.
Com recurso a gráficos, mostrou a importância de um curso superior para assegurar um melhor salário, assim como da estabilidade financeira que Portugal alcançou na última década.
Depois de pouco mais de meia hora de palestra, Mário Centeno respondeu a perguntas de alunos ao longo de quase uma hora, abordando questões como a inteligência artificial ou as funções e papéis do BdP e do BCE.
Questionado sobre as tensões geopolíticas no mundo, Mário Centeno reafirmou que a Europa “está há muito tempo demasiado confortável no lugar do passageiro”.
“A Europa tem de deixar esse lugar do passageiro e, perante as tensões geopolíticas que observamos, tem de fazer por ela. E se os outros que costumavam estar connosco deixam de estar, nós temos de questionar porque é que isso aconteceu e temos de ir alargar o nosso espaço de intervenção, de presença no mundo”, defendeu.
O governador do BdP realçou que a Europa é “a área económica do mundo mais aberta”, considerando que esta não se pode “deixar fechar, só porque alguém decidiu que agora era para fechar”.
“Temos de usar esse chamamento a nosso favor e temos de ter uma atitude proativa de resolver” as tensões geopolíticas que se possam ir formando, disse.
Na ótica de Mário Centeno, o mundo “é global” e não se pode ceder a qualquer tentativa de se “fechar esse mundo”, apontando para o caso português, em que a imigração foi “um fator decisivo no crescimento económico”.
“A economia portuguesa não teria futuro sem o fenómeno imigratório”, concluiu.
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