Portugal
Arte xávega: uma tradição bem portuguesa que recorda a cultura piscatória de outros tempos
A arte xávega faz parte do património cultural do nosso povo. Esta foi uma inovação que surgiu para simplificar vida dos pescadores. Posteriormente, manteve-se em determinados pontos do país para recordar a cultura piscatória de outros tempos. Fique a conhecer mais sobre a arte xávega, um património imaterial que faz parte das tradições de Portugal.
A arte xávega tem este nome, porque vem do árabe xabaka, que significa rede. Portanto, é a arte de arrastar a rede para pescar. A arte xávega é definida pelas artes que a caracterizam (redes, barcos, etc.). Portanto, não é o método de tração usado na alagem. Esse método pode variar. Inicialmente, ele era realizado por juntas de bois. Depois passou a ser feito por força braçal com a ajuda de aladores e tratores. Em qualquer dos modelos, designa-se arte xávega.
Esta técnica de pesca tradicional é praticada na costa ocidental norte e centro de Portugal Continental, especialmente entre abril e outubro. Este tipo de pesca artesanal chegou a consistir no único meio de subsistência para os pescadores de várias povoações.
Existem duas épocas especiais no ano para os pescadores da arte xávega. De novembro a março, os homens ficam por terra a preparar as redes com a sua técnica específica e podem também dedicar-se a outras atividades para garantir a sua subsistência, nomeadamente outros tipos de pesca, agricultura, construção civil entre outras possibilidades; de abril a outubro, aproximadamente 15 homens se reúnem. Alguns desses elementos vão ao mar, os restantes ficam em terra a estender as redes para o próximo lanço, a selecionar e a diferenciar o peixe do lanço anterior, entre outras tarefas.
A arte xávega consiste num aparelho de pesca de arrasto demersal que é lançado na nossa costa, através do barco de mar. O procedimento é simples: fazer a embarcação entrar no mar da costa portuguesa.
A rede que permite aprisionar o peixe é constituída por um saco de malha mais fina (em forma cónica, que se designa xalavar). Ela é lançada quando o barco se encontra a 3 ou 4 km da costa.
Enquanto é deixada em terra a ponta de um cabo, o xalavar é colocado no mar durante essa deslocação feita por uma embarcação, quando já está afastada da costa. No processo, metade do cabo desenrola-se, ficando uma das pontas do mesmo amarrada na costa (a um dos tratores intervenientes ou a animais).
Então, os pescadores realizam o cerco aos cardumes em alto mar e retornam à praia. Ao realizar este procedimento, os pescadores vão desenrolando a outra metade do cabo para a sua extremidade ser enrolada ao segundo trator ou a outros animais.
Quando regressam para terra, trazem consigo o outro cabo de mão da barca. Deste modo, reúnem ambos os cabos nas cordas e puxam com juntas de bois (em alguns casos, usam tratores. Há parecenças com o trabalho agrícola, pela utilização dos animais). Em algumas partes do país, era puxada para terra por diversos pescadores.
Sempre que a rede chega a terra, traz consigo muito peixe. A xávega termina com a chegada à praia e abertura do xalavar que contém a pescaria. Então, os peixes são separados por pequenos lotes, estando destinados a serem leiloados.
As vareiras fazem o seu praguejar inofensivo tradicional. A venda do peixe é feita a lanços muito rápidos. Geralmente, somente o leiloeiro e as vareiras entendem verdadeiramente o que é dito de forma apressada. As mulheres percorrem a cidade com a canastra na cabeça e vão apregoar com cantoria e andar elegante.
Embora as embarcações tenham sofrido diversas transformações ao longo da história, os barcos continuam a ser construídos em estaleiros. O barco contemporâneo permite levar entre 8 a 12 pessoas (geralmente, homens).
Infelizmente, a tradição da arte xávega vai se perdendo em algumas praias do país. Um desaparecimento que vai acontecendo de ano para ano. Contudo, em algumas partes do país ainda é possível assistir a este espetáculo pitoresco e incomum. Em determinadas praias da nossa costa, é possível observar este tipo de pesca artesanal. Por vezes, em vez de bois, as redes das embarcações são puxadas por tratores
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