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Exploratório de Coimbra desliga ecrãs e liga jovens ao mundo real

Notícias de Coimbra | 4 horas atrás em 26-11-2024

O Exploratório de Coimbra vai lançar um projeto de três anos onde se propõe combater a dependência das crianças e jovens nos ecrãs, numa iniciativa que junta vários parceiros e que espera chegar a mais de mil participantes.

O projeto, intitulado “Dependência sem Substância”, surgiu depois de o Exploratório – Centro de Ciência Viva de Coimbra identificar “a dependência de um conjunto muito alargado de jovens em ecrãs, sobretudo telemóveis e tablets” e decidiu desenhar um projeto que procurasse atacar esse mesmo problema, disse à agência Lusa o diretor daquela instituição, Paulo Trincão.

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“Achávamos que, como centro educador, deveríamos desenvolver um projeto para contribuir para que essa dependência diminuísse e que a ligação à tecnologia, que obviamente aprovamos, tivesse mais conteúdo educacional e cultural”, aclarou.

O projeto, que terá uma duração de três anos e um orçamento de 350 mil euros, é apoiado pelo Portugal Inovação Social, e junta vários parceiros, como os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra, a Fundação La Caixa, a União de Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas, a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e o Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola (CASPAE).

A iniciativa pretende chegar a cerca de mil crianças e jovens entre os seis e os 12 anos, que manifestem sinais de algum tipo de dependência em relação a meios digitais.

Para isso, a equipa do projeto conta com a colaboração de três investigadores da FPCEUC que estão a trabalhar na identificação de crianças com este problema, adiantou Paulo Trincão, referindo que o projeto não procura trabalhar casos agudos, que precisam de apoio clínico.

No âmbito do projeto, são propostos três tipos de atividades distintas – uma que explora a relação com a natureza, outra que procura combater a dependência em espaços públicos (nomeadamente, na restauração) e ainda uma terceira dedicada à criação de aplicações e jogos para uma relação com o digital mais saudável e com mais qualidade.

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No caso da ligação com a natureza, o Exploratório propõe-se a trabalhar a produção de cogumelos e a produção de vegetais com hidroponia.

“O que procurámos com estas duas propostas é que são de resultados rápidos. O problema na relação com a natureza é que as respostas não são imediatas – não podemos esperar 20 anos para ver a árvore a crescer e um hortícola poderá demorar cinco ou seis meses a crescer. Os cogumelos e a hidroponia não têm resultados instantâneos, mas é um tempo que a criança consegue entender”, explicou Paulo Trincão.

Outra das vertentes está relacionada com o desenvolvimento de conteúdos e jogos, em parceria com as pastelarias Vasco da Gama, para combater uma dependência que muitas vezes “está muito presente nos restaurantes”, procurando que as propostas permitam “estar em família, de forma mais participativa”, referiu.

A terceira componente do projeto centra-se na ideia de que “o digital também é bestial”.

“Nós não queremos afastar as crianças da tecnologia e, portanto, vamos desenvolver um conjunto de aplicações e jogos”, contou o diretor do Exploratório, frisando que também se pretende transformar o telemóvel “num elemento de democracia” e que seja utilizado pelas crianças para “dar opinião, para votar e decidir”.

As primeiras atividades irão arrancar no primeiro trimestre de 2025 e toda a participação será gratuita.

Além de crianças que serão referenciadas pelo trabalho feito pelo próprio projeto, os pais interessados poderão inscrever os seus filhos nas atividades, acrescentou.

Paulo Trincão referiu ainda que as atividades agora propostas serão continuamente analisadas e poderão ser adaptadas e revistas ao longo do processo.

O diretor do Exploratório contou que neste primeiro projeto os pais não serão participantes diretos, mas que espera no futuro poder criar uma segunda edição dirigida a estes.

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