Opinião
Milicianos limpai as armas e alistai-vos!
Há décadas que viajo a Coimbra, desde os tempos em que minha mãe aqui começou a trabalhar nos Correios e Telégrafos de Portugal, que se viria a tornar uma multinacional, idealizada por Murteira Nabo e que vendemos a patacos. Hoje não temos nada de infraestruturas críticas que não tenha capital estrangeiro, cuidamos para não ter…
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Depois veio a fase Norton de Matos e eu, a acordar minha Tia Aida para me dar 500 escudos para o táxi, que me trazia de regresso à Nicolau de Chanterene.
Passados estes anos, quem chega a Coimbra, de comboio ou autocarro, assusta-se e abala-se.
A cidade está descuidada, suja, esventrada. A cidade pela qual todos temos um misto de romantismo e amor, à qual todos estamos ligados, por um motivo ou outro, deixou-se abandalhar. Mas não deixou de produzir conhecimento.
No terminal de autocarros da Fernão Magalhães, em caso de aflição, temos de largar um euro para utilizar as instalações sanitárias. O espaço em obsolescência e nós com a carteira numa mão e o pirilau na outra, a carrear euros para mealheiros alheios.
São assim os negócios em Portugal, há sempre um pato bravo que fatura, tal como agora nos querem esmifrar as contas por via de uma mentira dita tantas vezes que, quase, se torna verdade.
Os dados do Eurostat mostram que a carga fiscal na União Europeia tem espaço para crescer. Em Portugal estamos abaixo da média e há 12 países com níveis superiores.
No Reino Unido, esse país atrasado, o primeiro orçamento dos trabalhistas traz um aumento de impostos de 40 mil milhões de libras, grosso modo financiado com um crescimento das contribuições para a segurança social dos empregadores. A TSU sobe para 15%, bem sei longe dos nossos 22%, mas a intenção é investir em infraestruturas e promover salários mais elevados.
Cá na Pátria o IRC, os impostos das empresas, continua na peleja, para descer. Empresas que pouco investem, que distribuem os ganhos de produtividade sob a forma de dividendos e que não empurra crescimento económico e valorização empresarial.
É entrar numa qualquer fábrica e percebe-se. Mas como quem manda já nem abre os vidros fumados, esta continua uma realidade escondida.
Com uma país a envelhecer, que vai ter que pagar reformas, que vitupera contra os imigrantes que nos deixam dois mil milhões de euros na Segurança Social, o esforço nunca cai no trolha, mas no administrador.
Sabendo nós que cada descida de 1% no IRC nos custa 250 milhões de euros, e que é arrecadada e não investido, o princípio de menor taxação para quem investe e aumenta salários, é o mais sensato.
Não esquecemos o que aconteceu com o IVA da restauração.
Com este quadro, e perante a necessidade de criar riqueza, a ideia de taxar a mictadela parece-me exemplo capaz de gerar rendimento.
É fazer as contas!
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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