A Câmara Municipal de Coimbra acaba de decidir a atribuição da Medalha de Mérito Cultural (Grau Ouro) ao Centro de Artes Visuais. A proposta de distinguir o CAV partiu do socialista António Vilhena, cuja intervenção reproduzimos na integra:
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Medalha de Mérito Cultural Grau Ouro para o CAV
Coimbra tem um conjunto de instituições que lhe devolvem a excelência e a universalidade. Algumas dessas instituições desenvolvem a sua actividade no território da modernidade, eliminando paredes e estabelecendo pontes entre diferentes linguagens. Podíamos discorrer sobre os “gostos” de cada um. Mas esse míope lugar de tentações pessoais pertence ao passado. A perseverança e a paixão são apanágios de quem faz com o coração o que só com paixão consegue fazer, entregando-se e confiando. O crédito conseguido resulta em muito do seu estilo, da sua ousadia, da sua utopia, mas, também, do reconhecimento que todos quisemos enaltecer ao longo do tempo. Tem mais de trinta anos, para ser preciso diria 33, mas todos sabemos que há mais vida antes destas datas.
Estou a falar do CAV- Centro de Artes Visuais- , herdeiro de uma “vertente experimentalista, de inovação estética” que Coimbra conheceu com os Encontros de Fotografia, que datam de 1980 e que se prolongaram por 22 anos. A modernidade trouxe outros desafios, a mesma paixão pela fotografia e pelas artes visuais. Longe vão os tempos da “primeira atitude organizada sobre fotografia!”. A história é longa. Foram os Encontros de Fotografia que trouxeram para Portugal, para Coimbra, aquilo que já se fazia numa Europa . A afirmação da fotografia no universo das artes visuais haveria de alterar o projecto inicial para bienal, em 2000, conferindo-lhe um pendor ainda mais contemporâneo, acolhendo o filme e o vídeo. Foi do aprofundamento da contemporaneidade deste projecto que nasceu o CAV, em 2003.
Assim, os Encontros de Fotografia deram lugar ao Centro de Artes Visuais, espaço que se propôs “produzir exposições e outros projectos no campo da fotografia e meios de expressão afins, como o filme e o vídeo, estimulando um diálogo entre todas as disciplinas artísticas da criação contemporânea”.
O CAV é hoje uma instituição de referência nacional e internacional. Ao longo dos anos promoveu e cultivou uma contemporaneidade que está presente no conjunto das suas colecções: encomendas e aquisições dos maiores nomes da fotografia nacional e internacional, tenho mais de 2000 peças.
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No momento em que Coimbra mergulha numa inquietação resultante da indefinição do papel que assumirá cada instituição no mosaico a que o novo equipamento, Mosteiro de S. Francisco, obrigará, urge fechar o ciclo das instituições da contemporaneidade, Escola da Noite, Círculo de Artes Plástica e, finalmente, Centro de Artes Visuais. Se as primeiras duas já tiveram o merecido reconhecimento institucional, é hora de assumirmos o que falta. E o que falta é atribuirmos ao CAV a Medalha de Mérito Cultural Grau Ouro.
António Vilhena
Coimbra 8 de Julho de 2013.
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