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“É uma miséria como nunca vi na vida”: Homem vive “no meio do lixo e de ratazanas” em Soure
Um homem, de 73 anos, vive no “meio do lixo e de ratazanas”, numa casa degradada em Alencare de Cima, no concelho de Soure.
É conhecido na aldeia por “Zé Santo”. Apesar do diagnóstico dos médicos não apontar nenhuma doença, os vizinhos acreditam que tem até porque “não é uma pessoa constante, mas muito respeitoso”.
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Maria Silva falou com o Notícias de Coimbra e descreve a situação deste septuagenário que “já ocorre há muitos anos, mas piorou agora na parte do inverno porque chove aqui. O telhado está todo roto, o chão todo molhado, é só lixo, é uma miséria como nunca vi na minha vida”.
O cheiro é nauseabundo quando se entra na habitação. O homem “vive no meio do lixo e de ratazanas”, garante dizendo que “não é digno de viver”.
A população está indignada e exige uma solução para este filho da terra. “Ele não quer sair, mas hoje de manhã [11 de outubro], foi para o CHUC novamente. Foi uma manhã de inquietação”, refere Maria, adiantando que deverá hoje ficar estabelecido um local para este homem ficar, mas também “não sabem para onde vai”.
António Cruz lida diariamente com “Zé Santo” e fala da realidade que este homem vive: “É um ser humano que vive em condições desumanas. Já fui a tribunal duas vezes por esta situação. Já toda a gente sabe. Tenho documentos do Tribunal em que o senhor juiz concorda que são condições sem dignidade”.
O Tribunal remeteu para consultas ambulatórias durante dois meses, de março a maio, mas tal nunca aconteceu. Ninguém veio ver o Zé, afirma.
“O Zé não é uma pessoa normal, não é preciso estudar muito, está doente e cada vez pior. Estava há 3 dias sem comer, todo nu, faz as necessidades no chão […] Se eu não aparecesse aqui tínhamos o Zé morto”, afirma.
António fez com que a GNR e os bombeiros se dirigissem ao local e constatassem a realidade do Zé. “Ele andou na tropa, tem traumas de guerra e isto é um problema mental e social. Não é autónomo e
não está medicado”, diz.
“Não o quero ver morrer aqui”, reforça.
“A saúde falhou”, aponta.
Mário Jorge, presidente da Câmara Municipal de Soure, reconhece que a situação se “tem vindo a agravar muito” e admite que a casa “não tem condições” e que o “homem corre risco de vida dentro da habitação”.
O homem é autónomo e considerado apto, por isso, não pode ser obrigado a sair de casa. Contudo, a autarquia tem duas soluções: oferecer uma habitação que pertence ao município e que tem uma dignidade mínima para acolher e dar residência a uma pessoa ou acolhê-lo numa instituição durante 1 a dois meses.
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