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O amor vence tudo: João e Filipa casam no hospital de Cantanhede

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 09-10-2024

Imagem: Padre Rodolfo Leite / Facebook

O que o amor uniu ninguém pode separar. Resiliência. São algumas palavras que poderão descrever a história de João Góis e Filipa Gomes.

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João Góis está doente. O padre Rodolfo Leite, nas redes sociais conta que o visitou, logo que possível. “Conversámos muito nesse dia. Não são encontros fáceis, pois faltam-nos as palavras, as emoções como que nos engasgam e o esforço para não chorar junto de quem sofre, como o João estava, é desgastante”.

Entretanto, conheceu a Filipa: melhor amiga e companheira do João. Juntos superaram as adversidades que a vida lhes foi colocando.

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“A força de vontade dela harmonizou na perfeição com a força de bondade dele”, descreve o padre.

Por fim, conheceu o Mateus, fruto do amor de ambos que ainda não tem 1 ano. Tudo era perfeito, se não fosse o facto da doença do João não parar de piorar.

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Foi internado nos Cuidados Paliativos. Ali o visitou várias vezes. “Apercebi-me da quase permanente presença da Filipa e, também, de muitos familiares e amigos. O João gosta muito do Carnaval, fazendo parte de uma escola de samba, é mestre de bateria! Os seus ‘colegas’ desta ‘escola’ não o têm largado!
Foi no último sábado de setembro, logo de manhã que a Filipa me telefona” e coloca a tal questão: “Pode-nos vir casar aqui a Cantanhede?”.

Assim foi a 28 de setembro, assim presidiu à cerimónia o padre Rodolfo Leite que percebeu logo que era urgente e que as coisas tinham piorado. Devidamente autorizado, contactou a mulher e confirmou a sua presença às 16:00 no Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede.

“Cheguei um pouco antes. Falei com o João pessoalmente, no quarto, e percebi que ele, conscientemente e de coração, era isso que desejava. Depois, a Dr.ª Lurdes lá o medicou para aliviar as dores. O carinho e a ternura daquela médica valeram tanto ou mais que o medicamento que lhe injetaram. Depois, entraram os amigos, para o prepararem…, afinal ele era um noivo”, descreve.

A Filipa chega depois com um sorriso, apesar da tristeza de ver sofrer aquele que mais ama.

“Aquele quarto transformou-se numa catedral, pela densidade de amor que ali se respirava e um ambiente tão humano como sagrado. Não éramos muitos! Eu, os noivos, as duas testemunhas, a Dr.ª Lurdes e a Dr.ª Paula, do Registo Civil, que quis estar presente, pela bondade e pelo cuidado humano que esta situação lhe mereceu. Confesso que fiz um grande esforço para controlar as emoções. Mas, todos celebrámos, intensamente, com a Filipa e o João, o seu amor e o amor com que Deus os cumulava”, diz.

Ansioso, finalmente João pergunta: “Já posso beijar a noiva?”.

Emocionados, mas sorridentes, disseram todos os presentes, em simultâneo, que sim.

Chega o Mateus para entrar na fotografia. Olhava o pai com ternura. “Ambos frágeis. Estavam e estão unidos por um amor que não se diz, mas que se topa, sem teorias nem adornos melosos”, refere.

O casal é membro da Escola de Samba Real Imperatriz e aquele dia “vai ficar na memória de toda a família Imperatriz. Foi um dia inesquecível. Muitas felicidades Mestre Góis e Filipa Góis. Sempre convosco de corpo e alma”, refere a escola nas redes sociais.

O amor venceu. O amor gritou mais alto e fez-se sentir dentro de quatro paredes onde, normalmente, os sonhos e a vontade de viver se perdem.

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