Portugal

Crianças devem ter tarefas e ajudar os pais em casa?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 27-09-2024

Com dois anos, o Sebastião já tirava a loiça da máquina e ajudava a pôr a mesa. “Se partisse alguma coisa, paciência. Sempre lhes incuti o gosto por ajudar”, conta Madalena Salvaterra, mãe de cinco filhos.

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Sebastião, de 14 anos, Marta, de 12, Matilde, de 7, Pedro, de 2, e Carolina, de 3 meses são os filhos de Madalena. Só a mais nova é que não tem tarefas. Todos os outros participam.

Envolver as crianças em tarefas domésticas adequadas à idade, como limpar o pó e a loiça, arrumar a roupa, fazer a cama ou regar as plantas, tem inúmeros benefícios, garantem os especialistas.

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“Incutir nos miúdos o hábito de participar nas tarefas domésticas dá-lhes tudo”, defende o pediatra Manuel Magalhães à Sábado. E vai mais longe: “Desenvolvem competências de organização e de socialização, aprendem a gerir o tempo, a serem responsáveis e a conciliar o trabalho e o lazer desde pequenos, além de estabelecer uma boa base para funcionarem de forma independente. Por exemplo, se a criança aprender desde muito cedo a vestir-se sozinho, vai-lhe dar competências ao nível da motricidade fina. Além de segurança e autoestima”, diz .

O médico indica as tarefas que as crianças, entre os 2 e os 11 anos, podem fazer em casa. “Os mais pequenos devem começar por coisas simples, como arrumar os brinquedos, pôr o lixo no caixote ou guardar os sapatos. Acima dos 6 anos estão aptos a arrumar o seu quarto, preparar o lanche ou pôr a roupa a secar e aos 10, 11 anos já poderão usar o aspirador, trocar a roupa da cama e ajudar a cozinhar”, pode ler-se.

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“Por exemplo, irem fazer um recado à mercearia dá-lhes confiança para falar com pessoas que não são do seu círculo próximo. Executar tarefas é a melhor forma de as crianças se desenvolverem. Como os pais, por norma, têm pouco tempo, a tendência é fazerem tudo para ser mais rápido. O que se observa nas crianças que crescem assim é falta de autonomia e em muitos casos uma incapacidade motora em coisas tão simples como descascar uma maçã”, explica.

Na casa de Marta Borges também ajudam. É mãe de Alice, de 12 anos, de Laura, de 5, e de Gabriel, de 3. A mais velha foi “poupada” a ajudar em casa, mas com os mais novos já não foi assim. “Desde muito pequenos, ensinei-lhes as coisas simples, como arrumar os sapatos, o casaco e a mochila e esticar os lençóis da cama por muito mal que fiquem. O Gabriel já sabe pôr os pratos, os copos e os talheres na mesa e agora está a aprender a vestir-se e a despir-se”, conta à revista.

Antigamente, era normal uma criança do ensino básico preparar o seu lanche. Hoje já não é assim porque os pais assumem as tarefas com receio de que eles se magoem. Contudo, o especialista diz que temos de voltar atrás nestas coisas e que a mensagem é: “Deixem as crianças fazer as tarefas do dia a dia! Porque para elas acaba por ser uma brincadeira, sentem-se úteis e promove a autoestima.”

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