Primeira Página
Mulher de Penacova foi considerada a “primeira assassina portuguesa em série”. Matava e desmembrava bebés
Imagem: DR
Na História de Portugal, existiram pessoas que cometeram ações horríveis, e que ficaram para a eternidade pelas piores razões. Um desses casos é o de Luísa de Jesus, a última mulher portuguesa a ser condenada à morte e enforcada pelos seus crimes.
Quem era esta mulher? Luísa de Jesus, nasceu em Figueira do Lorvão, Penacova, em dezembro de 1748. Era filha de Manoel Rodrigues e de Marianna Rodrigues, uma família de classe baixa. Trabalhava como recoveira, percorrendo as aldeias para fazer compra e venda de mercadorias.
Vítima de maus-tratos, foi apontada como a primeira assassina em série portuguesa, tendo cometido crimes hediondos contra crianças.
Na época, era comum existirem casas com uma “Roda dos Enjeitados”, um dispositivo de madeira cilíndrico, muito comum em conventos e hospitais. O dispositivo era dividido ao meio e giratório. De um lado, as mães colocavam os bebés, abandonando a criança com privacidade. Depois, tocavam a uma sineta para avisar que lá estava um bebé, para que a criança recebesse logo a atenção que merecia, explica a VortexMag.
Na Casa da Roda de Coimbra, eram abandonadas 200 crianças por ano. Apesar dos esforços da instituição, metade estava condenada a morrer, e muitas poucas tinham a sorte de encontrar o carinho de uma família. Como incentivo à adoção, havia a oferta de 600 réis, além de um enxoval de meio metro de tecido grosso de algodão a quem levasse uma criança para a sua casa.
Como trabalhava como recoveira, Luísa conhecia muitas pessoas e conhecia diversas casas. Assim, ia buscar crianças e bebés à Casa da Rode de Coimbra, supostamente em nome de outras famílias, comprometendo-se a entregá-las aos supostos adotantes. No total, “adotou” 34 crianças, todos nesta casa. Mas as intenções dela não eram boas: asfixiava as crianças com as próprias mãos, mal se encontrava sozinha com elas.
Depois enterrava as crianças. Por vezes, levava os corpos para o seu casebre, onde os desmembrava, colocando pedaços num pote e guardando-os debaixo da palha ou em buracos no chão.
A 1 de abril de 1772, os crimes de Luísa de Jesus chegaram ao fim, quando a freira Angélica Maria tropeçou num cadáver que se encontrava mal enterrado.
Foram realizadas escavações e descobriram-se mais dois bebés no local, com marcas de estrangulamento. As suspeitas recaíram sobre Luísa, que foi interrogada a 6 de abril e confessou ter assassinado os três bebés encontrados.
Apesar da confissão, as autoridades decidiram continuar a investigação, tendo descoberto que a mulher tinha conseguido adotar diversas crianças, tendo supostamente servido de intermediária, embora nenhum bebé tivesse chegado ao seu destino.
Entretanto, prosseguiam as escavações no Monte-Arroio, e o número de bebés encontrados foi assustador. A 18 de abril, Luísa tinha confessado o seu envolvimento na morte de mais sete crianças, mas já tinham sido descobertos 15 cadáveres. Mais tarde, Luísa confessou ter morto mais nove, mas negou o seu envolvimento nas outras mortes.
Mas as descobertas macabras não ficaram por aqui. Após uma busca à sua casa, foram encontrados 18 corpos de bebés, oito deles desmembrados e distribuídos em potes, e os restantes 10 enterrados.
Portanto, foram encontrados 33 corpos no total. Luísa de Jesus adotou 34 crianças, mas nunca se descobriu o paradeiro da última criança. Luísa só confessou ter asfixiado 28 bebés.
Recebeu severa sentença a 1 de julho, tendo-se tornado a última mulher a receber a pena de morte em Portugal. Segundo os juízes, nunca no nosso país se viu “um monstro de coração tão perverso e corrompido”.
Assim, Luísa foi condenada a percorrer as ruas com uma corda ao pescoço, enquanto os seus crimes eram lidos em voz alta. Depois, foi queimada com uma tenaz em brasa, e teve as suas mãos decepadas.
Por fim, acabou por falecer no garrote, e o seu cadáver foi queimado pouco depois. Luísa de Jesus tinha apenas 24 anos quando deu o seu último suspiro, mas deixou um legado negro de morte e de terror que ficou para a história pelos piores motivos.
Related Images:
PUBLICIDADE