Educação

Cientista da Universidade de Coimbra participa na descoberta da “cordilheira neptuniana”

Notícias de Coimbra | 2 meses atrás em 17-09-2024

Um grupo de cientistas internacionais, do qual faz parte Alexandre Correia, investigador do Centro de Física da Universidade de Coimbra (CFisUC), descobriu a “cordilheira neptuniana”, uma nova estrutura na distribuição de exoplanetas do tipo de Neptuno.

Esta descoberta, publicada hoje na revista Astronomy & Astrophysics, revela os processos complexos que ocorrem no “deserto Neptuniano” – uma região próxima das estrelas com escassez de exoplanetas semelhantes a Neptuno – e na “savana Neptuniana” – região mais distante onde estes planetas são encontrados com frequência. 

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«O novo estudo centra-se na transição entre o deserto neptuniano e a savana. Encontrámos uma concentração inesperada de planetas na fronteira do deserto, que forma uma linha divisória acentuada entre ambos os regimes, uma característica à qual apelidámos cordilheira neptuniana», revela Alexandre Correia, também Professor no Departamento de Física (DF) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e coautor do estudo. 

“Descobrimos que um grande número de planetas neptunianos orbita as suas estrelas com períodos orbitais entre 3 e 6 dias. A probabilidade de encontrar um planeta nesta região é cerca de oito vezes maior de os encontrar a mais curtas distâncias (no deserto) e cerca de três vezes superior de os encontrar em distâncias mais longas (na savana), o que sugere que estes planetas foram sujeitos a processos evolutivos diferentes», explica Amadeo Castro-González, investigador do Centro de Astrobiologia (CAB), INTA-CSIC, e autor principal deste estudo.

Esta descoberta foi possível através da análise dos dados da missão Kepler da NASA, utilizando técnicas estatísticas avançadas. Os investigadores mapearam meticulosamente a relação entre o raio e o período destes exoplanetas, revelando regiões distintas que definem a nova paisagem neptuniana. Este mapeamento exaustivo revela os processos complexos envolvidos na migração e evaporação atmosférica destes planetas.

Os autores interpretaram os resultados no contexto das teorias de formação e evolução planetária e concluem que a acumulação de planetas na cordilheira neptuniana pode ser compreendida através da existência de dois mecanismos de migração distintos que povoa a cordilheira e a savana.

“As observações sugerem que a maioria dos neptunos que se encontram na cordilheira terão sido formados através de interações fortes entre planetas que provocam um aumento da excentricidade seguido de uma migração para as órbitas de curto período através de interações de maré com a estrela”, revelam os autores. Em contrapartida, “os planetas na savana resultam apenas da migração inicial dos planetas no disco proto-planetário”. Estes processos de migração, juntamente com a evaporação das atmosferas planetárias, provavelmente moldam as diferentes características observadas na paisagem neptuniana. 

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O artigo científico “Mapping the exo-Neptunian landscape. A ridge between the desert and savanna” é o resultado de uma colaboração entre o Centro de Astrobiologia (CAB) e as universidades de Coimbra, Genebra, Paris e Warwick e pode ser consultado aqui

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