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As “nossas” carraças podem provocar a morte. Doença varia segundo o modo de contágio e a carga viral
A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou hoje a deteção do primeiro caso de febre hemorrágica Crimeia-Congo (FHCC) em Portugal, tendo o doente, com mais de 80 anos, nacionalidade portuguesa e residente em Bragança, acabado por morrer.
De acordo com um comunicado da DGS, a vítima realizou “atividades agrícolas durante o período de incubação, teve início de sintomas em 11 de julho de 2024, tendo sido admitido no Hospital de Bragança por sintomatologia inespecífica e acabou por falecer”. A informação foi inicialmente adiantada pela SIC Notícias.
A FHCC é uma doença transmitida pela picada de carraças infetadas com o vírus, tendo sido desencadeadas “investigações entomológicas reforçadas para recolha de carraças no distrito de residência do caso, em articulação com as Autoridades de Saúde e o INSA”, adianta a DGS.
Foi realizada a investigação epidemiológica e identificação de contactos associados a este caso, concluindo-se que não havia registo de viagem para fora do país, mas apenas a realização de atividades ao ar livre na sua área de residência, e que não se identificaram outros contactos com potenciais sintomas de FHCC.
Entre os sintomas mais frequentes estão febre súbita, dor de cabeça, dores musculares, além de diarreia, náuseas, vómitos ou conjuntivite, que exigem cuidados médicos especializados.
O período de incubação da doença varia segundo o modo de contágio e a carga viral. Após a picada de uma carraça pode ocorrer entre um a três dias (no máximo, nove dias) e após o contacto com sangue ou tecidos infetados pode demorar cinco a seis dias (máximo de 13 dias).
“Não há risco de surto nem de transmissão de pessoa para pessoa, evidenciando que, atualmente, se trata de um evento raro e esporádico. O vírus que causa a febre hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC) não foi detetado, até agora, em carraças na rede de vigilância entomológica Rede de Vigilância de Vetores (Revive), o que indica que o risco para a população é reduzido”, pode ler-se ainda no comunicado.
A DGS apela também para a adoção de medidas preventivas para deteção das carraças, como o uso de roupas claras e calçado fechado durante atividades na natureza, a utilização de repelentes de insetos sobre o vestuário e a inspeção de roupas, corpo e cabelo após a atividade ao ar livre.
A FHCC está sobretudo presente em duas espécies de carraças que se encontram dispersas por várias regiões do país, nomeadamente Trás-os-Montes, no Centro interior e no Alentejo, em especial na zona litoral.
“Os dados do Revive de 2023 permitem identificar uma ligeira redução na abundância de ambas as espécies em comparação com o ano anterior, não tendo sido identificada a presença o vírus da FHCC ou outros agentes patogénicos nas carraças colhidas, até ao momento”, conclui a DGS.
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