Coimbra
Câmara e Universidade “estudam” judeus em Coimbra
O Município de Coimbra propôs à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) a assinatura de um protocolo de colaboração para o desenvolvimento de investigações, no âmbito do curso de Mestrado em História, sobre a presença dos judeus em Coimbra. No dia 19 de agosto, o Executivo municipal vai deliberar sobre uma proposta de protocolo, em que a Câmara Municipal (CM) atribui três prémios de mérito, no valor total de três mil euros, sendo que um deles, de mil euros, é dirigido a trabalhos de dissertação sobre a história da presença sefardita na cidade.
Os referidos trabalhos serão, posteriormente, disponibilizados à CM de Coimbra pela FLUC e pelos alunos premiados, podendo ser utlizados em publicações, edições e outros trabalhos a desenvolver pela autarquia. De salientar que estes trabalhos serão uma mais-valia para a CM de Coimbra, uma vez que Coimbra pretende, cada vez mais, afirmar o seu posicionamento no pilar estratégico “Turismo espiritual e religioso”, tendo como objetivo promover e dar a conhecer o património judaico existente na cidade, tal como explica a informação municipal.
O Município, através da Divisão de Museologia, tem desenvolvido trabalho de investigação em torno da história judaica em Coimbra, nomeadamente a partir da descoberta, em 2013, de uma sala de banhos rituais judaicos (mikveh), cujo estudo e certificação rabínica é uma prioridade, por se tratar de uma estrutura única em Portugal, que se quer aberta à fruição pública para projetar Coimbra como uma atração para o turismo judaico. O mikveh de Coimbra assume-se, assim, como uma estrutura de enorme relevância para o conhecimento da presença de comunidades judaicas em Coimbra.
Sobre esta estrutura, importa referir que o projeto “Mikveh – Banhos rituais de purificação” é um dos selecionados para a fase de votação pública do Prémio INOVA+, na categoria Cidades Criativas. A proposta de Coimbra consiste na musealização da estrutura, descoberta em 2013, que remonta ao período medieval e que foi identificada como sendo um Mikveh, isto é, uma estrutura de banhos de purificação judaicos. A votação está a decorrer até ao dia 30 de setembro no website do Prémio INOVA+: https://premio.inova.business/votacao-publica/.
Os documentos existentes sobre a comunidade judaica em Coimbra remontam à Idade Média, pelo que o Município tem considerado estratégico o seu posicionamento nesta matéria, dada a importância que as duas judiarias de Coimbra tiveram na história da cidade. Uma marca especialmente relevante para Coimbra é o facto de o primeiro documento que atesta a presença de judeus no país ser da cidade, datado do século X.
Recorde-se que a CM inaugurou, em 2021, a Exposição “Judeus de Coimbra” que pretende reabilitar a memória das comunidades judaicas que habitaram o território urbano de Coimbra, e que foi instalada no Pátio da Inquisição num espaço que pertenceu, até à sua extinção em 1821, ao antigo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Coimbra. Igualmente único no país, pretende-se que este edifício venha a ser intervencionado para ali se fazer um Museu dedicado à história da Inquisição em Portugal.
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