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Códigos, audiodescrição e braile. Nunca a idade média foi tão inclusiva
Santa Maria da Feira acolhe até 11 de agosto a Viagem Medieval, recriação histórica que, entre 110 propostas de animação inspiradas no reinado de D. Duarte, apresenta conteúdos também em braille e Língua Gestual Portuguesa (LGP).
Com um orçamento de 2,1 milhões de euros que a Câmara Municipal da Feira diz “100% autossustentável”, o evento do distrito de Aveiro investiu “cerca de 10.000 euros” em recursos destinados a aumentar a inclusão de visitantes com limitações de visão, audição e mobilidade.
“A Viagem Medieval em Terra de Santa Maria é um evento para ser experienciado por todos e, por isso, temos feito um esforço contínuo para melhorar a acessibilidade a cada edição, proporcionando uma experiência inclusiva e enriquecedora para todos os visitantes”, declarou Catarina Bento, responsável da Câmara Municipal pelas questões do acesso inclusivo.
Do investimento global nesse sentido, parte significativa refere-se a sinalética com códigos gráficos (QR) que, à entrada de cada uma das 17 áreas temáticas do recinto, permitem aceder por via de uma aplicação telefónica ao programa do espaço em causa – que tanto pode ser o Castelo da Feira como o Lago dos Feitiços.
Para cidadãos invisuais há agora, junto à entrada mais próxima do Orfeão da Feira, uma planta tátil dos 37 hectares de terreno pelos quais a Viagem Medieval se distribuiu, recorrendo a volumes e braille para facilitar a escolha de conteúdos e trajetos a seguir.
A 06 e 07 de agosto também irão realizar-se visitas guiadas para cegos, aos quais será disponibilizada audiodescrição e um programa em braille.
Estão também previstas visitas marcadas noutras datas, mas a pedido de instituições sociais, como acontece com diferentes delegações regionais da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal e da APPDCM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental.
Já para pessoas com mobilidade reduzida, nos dias 01 e 10 de agosto estão previstas visitas com roteiros adaptados pelas zonas menos íngremes e acidentadas do recinto – que, na globalidade dos seus 37 hectares, abrange zonas de topografia diversa, como ruas do centro histórico, monumentos com escadarias, matas e floresta, lagos artificiais e o próprio Castelo da Feira, que não tem condições de acesso por cadeira de rodas.
Nos dias 03, 05 e 11 de agosto, por sua vez, o programa inclusivo foca-se na comunidade surda e integra tanto visitas guiadas com interpretação em LGP como espetáculos com acompanhamento na mesma língua, nomeadamente os intitulados “Era uma vez”, “Alevantamento por D. Afonso” e “Breve História de Portugal”.
Apontada pela organização como a maior recriação histórica da Europa, a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria envolve diariamente o trabalho de 1.600 profissionais e amadores, e de 390 voluntários com idades dos 16 aos 81 anos.
Esta 27.ª edição do evento complementa as suas 17 áreas temáticas visitáveis com animação itinerante e 47 sessões diárias de 24 espetáculos, sendo que o recinto apresenta ainda 60 bancas para venda de artesanato português e espanhol, e 60 para comércio de doces, salgados e bebidas, ao que acrescem dois restaurantes de época e 18 tabernas.
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