Educação
Diretores veem ‘rankings’ das escolas como “publicidade gratuita para privados”
Os diretores escolares criticam a divulgação de ‘rankings’ de escolas, defendendo tratar-se de um retrato parcial que serve como “publicidade gratuita para os privados” sem mostrar realmente a qualidade e trabalho feito nos estabelecimentos de ensino.
“Devemos relativizar os dados destes ‘rankings’ porque eles aferem a qualidade dos alunos que frequentam as escolas, não aferem a qualidade das escolas, por isso entendo que é errado chamar-lhes ‘rankings’ das escolas”, defendeu o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, em declarações à Lusa.
Filinto Lima criticou os “critérios simplistas” usados para ordenar as escolas tendo em conta apenas os resultados dos alunos nos exames nacionais, lembrando que existem muitas outras variáveis.
“Estes rankings não têm em conta se os alunos não tiveram aulas durante muito tempo ou se têm explicações”, exemplificou, defendendo que não se deve fazer comparações apenas “entre escolas públicas e privadas ou litoral e interior”.
Numa mesma lista, aparecem escolas frequentadas maioritariamente por alunos de famílias socioeconómicas desfavorecidas ao lado de outras onde a maioria dos estudantes tem explicações e outras atividades extracurriculares. Numas luta-se para que todos consigam terminar o ensino obrigatório, enquanto noutras o objetivo é entrar em cursos superiores com médias de acesso cada vez mais altas.
Por tudo isto, Filinto Lima sublinha que os ‘rankings’ não espelham o trabalho desenvolvido pelas escolas: “Não posso dizer que a Escola de Vouzela é a melhor escola pública de Portugal”, defendeu, numa referência ao caso da secundária da vila da Beira Alta que este ano voltou a ter a melhor média nos exames nacionais.
Filinto Lima garante que “as escolas públicas não preparam os alunos para os penáltis, mas para fazerem um secundário bem feito e para terem sucesso no ensino superior”.
O também diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, considera que a divulgação de listas de escolas por parte dos órgãos de comunicação social é “publicidade gratuita para as escolas privadas”.
A divulgação de listas de escolas ordenadas tendo em conta os resultados académicos dos seus alunos começou há 23 anos, com dados apenas dos resultados nos exames nacionais.
Nas últimas duas décadas, foram surgindo cada vez mais critérios de análise, que vão desde os casos de escolas em que os alunos mais carenciados conseguem atingir o sucesso e fazer os ciclos de estudo sem chumbar.
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