A Câmara de Coimbra aprovou hoje uma moção pela reposição parcial dos tróleis, cuja rede foi interrompida pelas obras do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM), defendendo uma linha essencialmente turística e servindo as duas margens do Mondego.
A moção dos vereadores da coligação Juntos Somos Coimbra foi aprovada por maioria, com os vereadores do PS a não participarem na votação, “por não conhecerem o documento” e por considerarem que o presidente da Câmara “tem dois pesos e duas medidas”.
Da ordem dos trabalhos fazia parte a apreciação da moção do PS, pela preservação dos troleicarros de Coimbra como meio de mobilidade elétrica sustentável e fator identitário da cidade, que acabou por ser chumbada pela maioria da Juntos Somos Coimbra.
O vereador da Coligação Democrática Unitária (PCP-PEV), Francisco Queirós, votou a favor das duas moções, por defender a manutenção dos tróleis enquanto fator identitário e de valorização da cidade em termos turísticos.
“Voto a favor porque as duas moções têm a mesma finalidade e só os considerandos é que são diferentes”, alegou.
Já o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/NC/PPM/ALIANÇA/RIR/VOLT), considerou que a moção do PS “tenta reescrever e mistificar a história”, para além de tentar passar a ideia de que “o executivo está contra os tróleis”.
“Não podemos votar a favor dela naturalmente e, para que não fiquem dúvidas, entendemos apresentar uma moção que vem no sentido de repor a verdade histórica e de reiterar aquela que sempre foi a nossa posição: repor uma linha de tróleis de índole essencialmente turístico”, evidenciou.
Na moção aprovada pode ler-se que é recomendado ao conselho de administração dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) que continue a avaliar a reposição futura de uma linha de tróleis, de caráter essencialmente turístico e servindo as duas margens do Mondego e os principais polos turísticos da cidade, sendo compatível com o trajeto do MetroBus e com as futuras alterações urbanísticas e de mobilidade do núcleo urbano.
“Verificou-se que o anterior executivo camarário [PS], presidido por Manuel Machado e que incluía a atual vereadora Regina Bento, não negociou atempadamente a contrapartida da reposição de uma linha de tração dos tróleis, compatível com o MetroBus, que deveria ter sido integrado no acordo assinado entre o anterior executivo e a Infraestruturas de Portugal (IP), dentro do princípio de que quem retira velho, repõe novo”, frisa.
Nesta ocasião, a vereadora Regina Bento refutou que o anterior executivo não tenha acautelado a preservação dos tróleis, apontando um relatório de conformidade do projeto do SMM, com data de 2019, que diz que “haverá afetação de alguns postos”, mas não estava prevista a sua remoção.
A vereadora indicou ainda um caderno de encargos de 2020, onde é indicado “um desvio dos serviços afetados”.
“É desvio, não retirada, não desmontagem, não eliminação”, sustentou, antes de aludir a um ofício trocado entre um gestor do SMM e a vereadora Ana Bastos, atual responsável desta área, onde “era solicitada a retirada a infraestrutura da catenária da rede dos tróleis, na Praça 25 de Abril, o que veio acontecer”.
Segundo a socialista, “estava pressuposto que os troleicarros continuassem a circular, com alguns ajustes”.
Na resposta a vereadora Ana Bastos explicou que a rede de tração “não pode ser desviada sem ser retirada”.
“É preciso retirar para desviar a seguir, mas para desviar a seguir era preciso que houvesse um projeto de readaptação e que nunca foi feito, por sua responsabilidade [Regina Bento] e do seu executivo. O projeto não foi feito por falha da Câmara Municipal e SMTUC que não responderam atempadamente às várias e reiteradas solicitações da IP”, concluiu.
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