Opinião

Nem queijo para rilhar, nem penalti para embocar

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 5 meses atrás em 07-07-2024

Anda algazarra, grande, nas adegas. Dizem que temos vinho a mais e eu não entendo, que bebo bem a minha parte. A coisa, contam, tem a ver com fracas vendas e muitas importações.

Calhando ao Doutor Nuno justificar esta impossibilidade quântica, serei fácil de perceber.

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“Não responderei”, diria o cavalheiro que veio até nós em formato pacote de dados, sem bag mas com box.

Os adegueiros pleitam pela destilação de crise, querem todo o vinho que está em excesso fora do mercado. Dizem que assim botam, alocam como agora se diz, uma injeção direta de dinheiro nas adegas. Ou seja, trocar vinho por dinheiro.

Óbvio, contudo, ninguém desconfia quando chega a um supermercado e vê um Porto a menos de 3 euros ou um DOC a um euro?

Talvez voltar a produzir aguardente na Região Demarcada do Douro para o Vinho do Porto e lançar uma fiscalização às cisternas. Já que o vinho fino tem a aguardente importada.

Essencial era que todas as Igrejas tivessem um bar, além do vinho de missa que na minha Diocese tem origem controlada, o número de fiéis aumentaria exponencialmente.

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Os debates, esses e sendo hoje seriam de espalha brasas, facadas e sardinhadas. E mais esclarecedores porque, como está provado pela metafisica, um copo, de três como no velho e ido Costa que era o grande sindicato, o diálogo e a bravata cresceriam em proporção. E convém, beber para não encolher.

Talvez “Os Patriotas pela Europa” resolvam a coisa, o seu irmão lusitano, acólito e misseiro, não pode. Está ocupado a gerir a esquadra.

Fujamos a essa guerra de eminências e vasculhemos no lixo.

A Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra contesta o modo como a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos efetuou uma auditoria à Entidade de Resíduos Sólidos Urbanos do Centro.

O lixo sempre foi um bom negócio, pelo menos na fatura é caro e na recolha é sempre a transbordar. E lá temos bravata.

Um conúbio, como o da saúde, onde os dados clínicos já são partilhados com os privados. A sanha do pote tinha verdades alternativas e à boleia do Registo de Saúde Eletrónico, já há dados clínicos privados nas mãos dos empreendedores da medicina.

É como nos helicópteros, a voar baixinho, que a Força Aérea dá para tudo. Santa ignorância de quem decide e nós sem militares e, por enquanto, ainda com helitransporte em Viseu e Évora, de dia que bebemos muito. Já Macedo de Cavaleiros e Loulé voam à noite.

Mais não merecemos, nem a verdade.

E porquê?

Porque Portugal importou, em 2023 cerca de 1188 almudes! São 2,97 milhões de hectolitros, cada um a uma centena de litradas. Já o pipo leva singelos 25 que aqui na Beira chamamos de almude. E de onde vem a pinga? Bom, 96% do vinho importado teve como origem Espanha. Lá está o povo, nem bom casamento nem bom vinho.

O país importou, no último ano, quase 300 milhões de litros, sobretudo de Espanha onde os fatores de produção permitem vender a preços mais baixos. A desculpa do costume, quando o vinho é mais.

E lá vem a bebedeira, ora se temos vinhos a 250 euros a pipa, a aguardente vai custar sete vezes mais. Quer dizer que deixaremos de ter aguardente a 1,20€, como temos nesta altura, e vamos passar a ter aguardente a 4 ou 5€ o litro. 

Bom, mas sempre escoávamos 550 pipas de vinho, a 25 almudes cada. E de repente lá iriam 49 milhões de litros de vinho e autenticávamos a produção. Mas, claro, isso não interessa aos senhores da Corte, que bebem dos châteaux.

Talvez o Sebastião trate disto lá em Bruxelas.

Sem destilar e sem tornar clara a origem dos vinhos perante o consumidor, ficamos assim, a beber do bag, não sabemos bem o quê.

E assim estamos, com “a barriga a tocar viola e o estômago a dar horas!”.

Nem queijo para rilhar, nem penalti para embocar.

Estou até tentado em lançar uma petição de apoio. E sempre tem outro sabor!

OPINIÃO I AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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