Coimbra
Terapeutas “ensinam” a bebés a sensação do movimento
Fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas da fala portugueses e espanhóis terminam hoje (28 de janeiro), na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), uma formação em Bobath dirigida a bebés.
Trata-se de um conceito de intervenção terapêutica em pessoas com paralisia cerebral e condições neurológicas associadas, em que se procura uma aprendizagem da sensação do movimento, em vez do movimento em si, com o objetivo de facilitar a coordenação motora e evitar posturas e movimentos atípicos.
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O curso junta 24 formandos e é conduzido pela conceituada fisioterapeuta norte-americana Gay Girolami, contando ainda com a participação de 20 bebés e seus familiares. O planeamento da intervenção com a família é, aliás, particularmente enfatizado, com o objetivo de a tornar mais hábil no manuseio do seu bebé e no desenvolvimento das atividades quotidianas.
«É muito importante comunicar com os pais para perceber os comportamentos dos bebés, dado que estes não falam», explica Girolami sobre a importância do envolvimento dos familiares ao trabalhar com estas idades, completando: «Mas também é indispensável que os técnicos aprendam a interpretar as próprias crianças e dessa forma consigam estabelecer uma relação de confiança mútua».
Esta fisioterapeuta, doutorada em Ciência do Movimento pela Universidade de Illinois, explica ainda ter realizado estudos que comprovam que um espaço de tempo tão curto quanto 10 dias pode produzir melhorias na postura e nos movimentos de bebés que realizam a terapia de Bobath. No entanto, esta abordagem pode e deve ser aplicada até idades superiores, inclusivamente até ao início da idade adulta.
Na formação que decorre desde o dia 18 de janeiro, Gay Girolami, com a ajuda de uma equipa de formadores portugueses do conceito Bobath em pediatria, tem como objetivo principal ajudar os terapeutas a tomar decisões clínicas na sua prática diária. As atividades realizadas têm, por isso, vertente teórica e prática, com uma componente de avaliação igualmente importante.
«É o mesmo que se faz com alguém que quer ser pianista ou atleta: trata-se de proporcionar tempo de prática com um treinador para conseguir melhorar os resultados», sintetiza Girolami.
Ao acolher este curso, a APCC não só se mostra apostada em proporcionar conhecimento de vanguarda aos seus técnicos e à comunidade, como melhora a qualidade do trabalho que é realizado diariamente na instituição. «Dado que dinamizamos já uma consulta para bebés de alto risco, promover esta formação é particularmente importante pois reflete-se na intervenção que, enquanto terapeutas, podemos realizar», afirma Cristina Soutinho, fisioterapeuta e membro da Direção da APCC.
O Baby Course de Bobath é organizado pela APCC, a Equipa Nacional de Bobath em Pediatria/TND e o Instituto Científico de Formação e Investigação da Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral. Tem um total de 80 horas, divididas por dez dias e é dirigido a terapeutas que tenham já completado o Curso Básico de Bobath em Pediatria.
A formadora Gay Girolami é uma fisioterapeuta com larga experiência profissional com bebés e crianças com paralisia cerebral e é autora de vários artigos científicos sobre avaliação e tratamento de crianças com alterações neurológicas.
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