Saúde
Caso gémeas: Ex-governante assume “responsabilidade política” e rejeita procurar bode expiatório
O ex-secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales assumiu hoje a “responsabilidade política” no caso das gémeas que foram tratadas com o medicamento Zolgensma e disse que não está a tentar encontrar qualquer bode expiatório.
“Eu já assumi a responsabilidade política, porque era eu o secretário de Estado, não a responsabilidade técnica”, salientou Lacerda Sales, após ter sido interpelado pelo deputado do CDS-PP João Almeida na segunda ronda de questões colocadas pelos deputados na comissão parlamentar de inquérito.
Também o deputado do PSD António Rodrigues, já na terceira ronda de perguntas, questionou Lacerda Sales se estava a tentar “encontrar um bode expiatório” na médica que acompanhou a gémeas, Teresa Moreno, e se assumia mesmo a responsabilidade política.
“Na sua declaração inicial disse que não queria ser bode expiatório? Não está a tentar encontrar um bode expiatório na doutora Teresa Moreno?”, interrogou o social-democrata.
Em resposta, Lacerda Sales indicou que não está a tentar “encontrar qualquer bode expiatório”.
“Se olhar para a minha declaração inicial vê que não referi um nome sequer. Eu não estou a encontrar qualquer bode expiatório. Os nomes referidos foram pelos senhores deputados, não por mim, não referi Teresa Moreno na declaração inicial”, afirmou, reiterando a sua responsabilidade política como governante.
“Disse que sim, que assumia a responsabilidade política. Sendo o secretário de Estado tenho responsabilidade política”, acrescentou.
Lacerda Sales disse ainda estar de “consciência tranquila” após a deputada da IL Joana Cordeiro ter referido que os deputados iriam sair da reunião de hoje da comissão parlamentar inquérito “com as mesmas perguntas e as mesmas repostas”.
“Estamos a perder tempo? Nunca ouvi isso. Eu tenho a consciência tranquila. Não estamos a perder tempo. Devia pedir desculpa a todos os portugueses e a todos os deputados desta comissão”, disse o ex-secretário de Estado.
Numa declaração final, o ex-secretário de Estado defendeu a importância do “escrutínio político” e da “prestação de contas à sociedade, como forma de transparência”, e salientou que “deve ser feito de forma responsável” e “livre de instrumentalizações político-partidárias”.
O ex-secretário de Estado disse também que durante a audição – na qual não respondeu a várias das questões colocadas pelos deputados alegando o segredo de justiça por ser arguido neste caso – quis colaborar e fez por colaborar “o máximo possível, apesar das limitações legais”.
António Lacerda Sales reiterou não querer “prejudicar a investigação” que está a ser levada a cabo pelo Ministério Público.
“É naquele processo penal que tenho, e irei, responder”, indicou.
O médico apelou também aos portugueses para que continuem a “acreditar e confiar no Serviço Nacional de Saúde”, sustentando que “nunca abandona crianças, adultos e situações difíceis, e está sempre disponível para essas situações difíceis”.
O ex-governante destacou também o papel da comunicação social, a quem pediu para atuar “com responsabilidade” e com “respeito pela dignidade e privacidade das partes envolvidas”, sem cair em sensacionalismos.
António Lacerda Sales disse também acreditar na separação de poderes que quer “continuar a confiar na justiça” e num “sistema jurídico equitativo e transparente”.
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