Cidade
Orquestra Clássica do Centro no Campo de Concentração do Tarrafal
A Orquestra Clássica do Centro (OCC), de Coimbra, parte domingo em digressão a Cabo Verde, onde atuará no concerto de inauguração do museu no antigo campo de concentração de presos políticos do Tarrafal.
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A inauguração do museu em memória dos opositores portugueses e africanos ao regime fascista português decorrerá quarta-feira, numa altura em que se encontram em Cabo Verde vários governantes de Portugal, o Primeiro-Ministro, António Costa, o Ministro da Cultura, João Soares, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
O Presidente da Câmara de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Manuel Machado, também se desloca a Cabo Verde para acompanhar a digressão da orquestra da sua cidade e assistir à cerimónia de inauguração, dia 20, do museu no antigo campo de concentração do Tarrafal.
A OCC faz deslocar um grupo de câmara, em que se inclui o maestro José Eduardo Gomes e o concertino da orquestra Pedro Carvalho.
No reportório a interpretar está incluída a estreia de novas orquestrações de duas peças do compositor cabo-verdiano Vasco Martins, um dos autores contemporâneos que a OCC interpreta há uma década.
“4 notas na cidade”, versão para clarinete e quarteto de cordas, é, segundo o criador, inspirada no pregão das peixeiras da cidade de Mindelo. É uma ‘viagem’ dentro da morna que remete para a maneira de tocar do Luís Morais, famoso músico cabo-verdiano já falecido.
“Nuvens d’nordeste 6 2 temp pum valsa” é uma versão para violão ‘mornistico’ improvisado e quarteto de cordas. O violão, tocado pelo próprio Vasco Martins, improvisa em toda a peça, que se subdivide em 3 partes: uma de inspiração ‘ibérica-andaluz’, outra de morna, e uma terceira de valsinha romântica, muito à moda caboverdiana.
Na digressão a Cabo Verde, que encerra dia 21, o grupo da Orquestra Clássica do Centro tem previstas, entre outras atuações na Cidade da Praia, um concerto ao ar livre em colaboração com a Associação de Antigos Estudantes de Cabo Verde em Coimbra, e outro na galeria Pautcha Arts.
Na Pautcha Arts será ainda apresentada a obra editada pela OCC “Cesária – A Rota da Lua Vagabunda”, da autoria de Tchalê Figueira e Vasco Martins, que constitui um relato de histórias do convívio deste pintor e do músico com a cantora já falecida Cesária Évora.
A exemplo do que sucedeu na digressão de maio de 2015, os músicos portugueses realizam um workshop numa escola. Desta vez deslocam-se ao Centro Educativo Miraflores, na Cidade da Praia, um projeto católico fundado em 2005.
A deslocação da Cabo Verde surge a convite do Ministro da Cultura, Mário Lúcio de Sousa, que em 2014 fez da OCC membro fundador da Orquestra Nacional de Cabo Verde (ONCV). Desde então, em maio, a orquestra de Coimbra parte para aquele país para se integrar no concerto de aniversário da ONCV.
Em 2015 o ministro Mário Lúcio de Sousa conquistou o Prémio Literário Miguel Torga Cidade de Coimbra com a obra “Biografia do Língua”. Na altura em que recebeu o galardão decidiu doar os 5 mil euros que recebera da Câmara de Coimbra ao museu que agora se inaugura.
“O contacto com culturas diferentes é um fator importante na construção de uma cultura cada vez mais global, sendo a música, como linguagem universal, um veículo privilegiado nessa mesma construção e divulgação, podendo criar condições para o estreitar de relações, através de pontes a estabelecer entre os povos”, afirma a presidente da Associação da Orquestra Clássica do Centro.
Na perspetiva de Emília Cabral Martins, “o património cultural está indissoluvelmente ligado à identificação dos povos, sendo simultaneamente fator de desenvolvimento e, como tal, gerador de riqueza”.
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