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Uma sala da NOS em Coimbra passa a ter apenas cinema português. Está reservada!

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 14-05-2024

 A exibidora NOS Lusomundo Cinemas vai dedicar três das 214 salas apenas ao cinema português, em Lisboa, Coimbra e Porto, para ajudar a subir a quota de mercado da produção portuguesa, disse hoje à Lusa o diretor-geral, Nuno Aguiar.

A NOS Lusomundo Cinemas é a maior exibidora cinematográfica portuguesa, com 40,4% das 530 salas do circuito comercial no país, tendo decidido que, a partir de quarta-feira, três salas vão passar a exibir diariamente apenas cinema português.

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“Com essas três salas podemos estimular a que as pessoas venham, criem um hábito e saibam que naquele espaço têm sempre cinema português. Pode ser que se consiga trabalhar um público específico e crescer esta tal quota do mercado”, sublinhou.

Nuno Aguiar diz que esta decisão é o contributo da NOS Lusomundo Cinemas para que o cinema português atinja “uma quota de talvez 10%” em número de espectadores e, consequentemente, em receitas de bilheteira.

Segundo os dados mais recentes do Instituto do Cinema e do Audiovisual, em 2023 estrearam-se 47 filmes de produção portuguesa, que somaram 328.762 espectadores e originaram 1,5 milhões de euros de receita de bilheteira.

Isto significa que o cinema português estreado em sala representou, em 2023, uma quota de 2,1% em receitas e 2,7% em audiência face ao panorama total dos filmes estreados no país, sendo das mais baixas quotas de mercado no espaço europeu.

O filme português mais visto em 2023 no circuito comercial português foi a comédia “Pôr do Sol: O Mistério do Colar de São Cajó”, de Manuel Pureza, com 118.671 espectadores.

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A título de exemplo, em França, um dos países mais fortes do espaço europeu em matéria de cinema, os filmes franceses representavam 39,8% do mercado em 2023, totalizando 71,9 milhões de espectadores, segundo dados do Centro Nacional de Cinema e Imagem Animada.

Para o diretor-geral da NOS Lusomundo Cinemas, aquela opção de ter três salas de cinema retira a pressão comercial que existe noutras salas para o cinema português, pela quantidade de filmes que se estreiam em sala. Mas Nuno Aguiar rejeita que esta iniciativa se possa transformar num gueto.

“Obviamente que isto não é limitador. Se houver cinema português que justifique ter muito mais salas, todos os filmes que o justificarem – aliás a maior parte dos filmes, pelo menos aqueles que tenham mais impacto nos espectadores – vão estrear em muito mais salas do que nestas três”, disse.

Questionado sobre o que é um filme português comercial e com “mais impacto nos espectadores”, Nuno Aguiar responde como exibidor.

“O cinema comercial é o cinema que faz 50.000 espectadores, 100.000. Se fizer mil ou menos, admito que os filmes sejam muito bons, mas em termos de exibição e comerciais não atraem tanto público. A perspetiva da qualidade da obra é outra. Como exibidor, é esta componente comercial, da quantidade de espectadores que consegue atrair, que tem interesse para nós”, disse.

Para o responsável, “o cinema português tem de se habituar a fazer pelo menos dois filmes por ano acima dos 200.000 espectadores e outros a fazer mais de 50.000”. “Senão nunca chegaremos aos 10% de quota de mercado”, disse.

Segundo a exibidora, a partir de quarta-feira os cinemas do Alvaláxia Shopping, em Lisboa, do Alma Shopping, em Coimbra, e do Alameda Shop & Spot, no Porto, passam a ter uma sala para o cinema português.

A abertura da iniciativa é marcada, na quarta-feira, em Lisboa, com uma sessão com três curtas-metragens portuguesas, sob o título “Entre Muros”, reunindo os filmes “2720”, de Basil da Cunha, “Corpos Cintilantes”, de Inês Teixeira, e “Natureza Humana”, de Mónica Lima.

A sessão, às 19:30, contará com as presenças dos autores, numa conversa moderada por António Brito Guterres.

Segundo a exibidora, a programação já planeada até setembro inclui filmes como “Cândido – O espião que veio do futebol”, de Jorge Paixão da Costa, as estreias de “O teu rosto será o último”, de Luís Filipe Rocha, “Camarada Cunhal”, de Sérgio Graciano, e “Mãos no Fogo”, de Margarida Gil, e as reposições de “Pátio das Cantigas” e “O pai tirano”.

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