Economia
Associações empresariais acusam José Couto de violar estatutos do Conselho Empresarial do Centro
A Associação Comercial e de Serviços de Pombal (ACSP) encabeça um movimento que solicita um “novo rumo para o Conselho Empresarial do Centro (CEC) com mais transparência e dignidade”. A violação dos estatutos, por parte do presidente José Couto, é uma das questões levantadas.
Ao tomar conhecimento de que o atual presidente José Couto, eleito em 2010, é o único candidato ao ato eleitoral do próximo dia 15 de maio, o presidente da ACSP Horácio Mota enviou uma carta aberta aos associados do CEC e às associações que já saíram desta entidade representativa nos últimos anos.
Na missiva, a associação pombalense recorda que o atual presidente José Couto foi eleito, pela primeira vez para o cargo, em 2010. “O mandato tem a duração de 3 anos e o número máximo de mandatos é de 3. Ou seja, um presidente apenas pode ocupar o lugar durante 9 anos”, referem.
Só que, como explica na carta, “dado que estamos em 2024, verificamos que o atual presidente desempenha funções de presidente há 14 anos, violando claramente os estatutos”.
Por outro lado, e “não tendo a atual direção dado indicação ao presidente da Assembleia Geral do CEC para convocar eleições”, as quais poderiam na opinião do subscritor “ter sido marcadas e realizadas antes do covid ou imediatamente após o fim da pandemia”, entende que os “atuais órgãos diretivos que estavam em mera gestão corrente, não podiam representar as associadas que representaram por procuração na assembleia de 24 de outubro de 2022”.
Uma assembleia, que como recordam, serviu para proceder a uma “alteração estatutária”. Perante estes factos, a ACSP pede ao presidente da assembleia para tomar as medidas necessárias “no sentido da reposição da legalidade associativa e estatutária, com caráter de urgência”.
Em declarações ao Notícias de Coimbra, Horácio Mota reconheceu que a atual direção liderada por José Couto deveria ter tomado a decisão de não se apresentar a votos no próximo dia 15 de maio, deixando para as associações que integram o CEC a posição de escolher quem é que querem para liderar a associação nos próximos anos.
“Deveria ser a própria direção a pedir a renovação de dirigentes”, frisou.
Um dos apoiantes desta posição é o empresário Fernando Tavares Pereira. Embora já não se encontre a liderar nenhuma associação empresarial, apesar de uma empresa sua já o ter feito na região de Lisboa, entende que o CEC deveria ter um papel mais interventivo nas questões que importam à região.
“Nunca ouvi falar do CEC sobre assuntos como o novo aeroporto, sobre a nova linha de caminhos de ferro ou da necessidade de novas vias de circulação no interior”, referiu o empresário.
Para além disso, refere que esta associação não tem cumprido os seus objetivos de apoio às empresas da região, como fazem outras associações a nível nacional.
Fernando Tavares Pereira lamenta que José Couto esteja no poder há 14 anos e que tenha tomado conhecimento de que, apesar de já estar na liderança há mais tempo que os estatutos prevêem, se tenha apresentado novamente ao cargo para ficar mais 3 anos.
No seu entender, é chegada a hora da associação ter “sangue novo” com ideias modernas e que permitam ajudar a desenvolver a região.
Outro dos apoiantes deste documento é a Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa (ACIBE), cujo presidente Sérgio Bento não atendeu os vários contactos telefónicos feitos pelo Notícias de Coimbra.
José Couto explicou ao Notícias de Coimbra que os últimos anos do terceiro mandato foram marcados por duas assembleias gerais extraordinárias, as quais aprovaram por unanimidade a extensão do mandato da direção para, dessa forma, serem resolvidas as questões de ordem financeira que colocavam em causa a existência do CEC.
“Foram dois anos muito difíceis onde foi necessário chegar a acordo com instituições e entidades bancárias de forma a conseguir resolver os problemas de elevado passivo”, afirmou o empresário.
Quando as coisas começaram a ficar resolvidas, a pandemia de covid-19 obrigou à paragem do processo. Esse período, recordou José Couto, foi aproveitado para o CEC proceder às alterações dos estatutos.
Uma das mudanças aprovadas diz respeito à redução do número de elementos da direção – passou de 19 para 9. “Com estes novos estatutos e a questão do passivo resolvido, o CEC está preparado para enfrentar de outra forma o futuro”, afirmou.
Sobre a candidatura agora apresentada, José Couto garantiu que será o seu “último mandato”.
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