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7 em cada 10 adultos que vive com asma em Portugal não tem a doença controlada

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 30-04-2024

Mais de 570.000 adultos vivem com asma em Portugal, doença que tem uma prevalência de 7,1%, (IC 95% 6,3% – 8%) valor próximo, embora ligeiramente superior ao verificado na última publicação sobre este tema, que data de 2012 e tinha encontrado uma prevalência de 6,8% na população geral (adultos e crianças).

Destes milhares de pessoas, quase sete em cada 10 (68%) não têm a doença controlada2, mostram os dados do “EPI-ASTHMA – Prevalência e caracterização das pessoas com asma, de acordo com a gravidade da doença, em Portugal, um estudo desenvolvido em colaboração pelo Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), da Universidade do Minho, e a AstraZeneca Portugal, cujos dados são hoje, 30 de abril, apresentados num evento,  no auditório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

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Os dados mostram ainda que 1/3 dos doentes asmáticos identificados no estudo não tinha o diagnóstico registado no processo clínico, o que reforça a necessidade de maior rigor no registo da informação clínica. Destes doentes, 70% não teve tratamento prescrito nos últimos 12 meses. Além disso, 23% (IC 95% 19%-27%) dos adultos que vive com asma em Portugal não tinha um diagnóstico prévio, demonstrando a necessidade de medidas para melhorar o acesso ao diagnóstico e acompanhamento da doença.

No que diz respeito aos dados da prevalência, Jaime Correia de Sousa e joão Fonseca, investigadores principais do estudo e membros da Comissão Científico-Estratégica deste trabalho, confirmam que há vários fatores de risco evitáveis conhecidos que a podem justificar, “entre os quais a má qualidade do ar interior (p. ex. bolores, humidade, exposição a fumo de tabaco ou lareiras) e exterior (p. ex. poluição atmosférica), existindo algumas zonas do País com pior qualidade do ar que têm risco aumentado de asma”.

Já em relação ao facto de 68% dos que têm asma não terem a doença controlada2, os especialistas explicam que são vários os fatores de controlo insuficiente da asma. “O principal tem a ver com a literacia em saúde respiratória. Infelizmente, a asma ainda é vista por muitas pessoas como uma doença episódica que só precisará de tratamento quando há sintomas e nós sabemos que não é assim e que, numa percentagem considerável de situações, precisará de medicação continuada, pelo menos a maior parte do ano. Por essa razão, muitas pessoas com asma apenas recorrem ao uso de medicação de alívio quando tem sintomas e não está disponível para usar medicação anti-inflamatória de controlo de forma continuada”.

Outros dos fatores destacados pelos investigadores, que ajudam a explicar este número, são:

“do ponto de vista da pessoa com asma, a insuficiente adesão à medicação, as falhas na medicação, os erros na técnica de utilização dos inaladores e custos associados à medicação; do ponto de vista dos serviços de saúde, o insuficiente acompanhamento pelas equipas de saúde em termos de frequência e periodicidade das consultas com os médicos ou enfermeiros e menor atenção dos profissionais em relação aos programas de seguimento das doenças respiratórias, sobretudo devido a sobrecarga de trabalho e à multiplicidade de tarefas e de outras doenças e problemas de saúde em vigilância”. 

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Para os especialistas, “é essencial continuar a investir e melhorar os programas de vigilância e controlo das doenças respiratórias já existentes, melhorar o acesso a exames de proximidade, nomeadamente a espirometria, desenvolver sistemas de registo clínico específicos para as doenças respiratórias nos programas informáticos dos profissionais de saúde, aumentar a formação sobre asma para todos os profissionais e promover a literacia em saúde respiratória da população”.

O Epi-Asthma é um estudo observacional nacional baseado na população adulta de Portugal Continental, através de uma abordagem multicêntrica gradual e foi realizado em 38 unidades dos Cuidados de Saúde Primários. A abordagem desenrolou-se em 4 fases: um convite telefónico aos participantes (fase 0); uma entrevista telefónica para avaliação dos padrões dos sintomas (fase 1); uma avaliação clínica com exame físico complementada com testes clínicos para confirmação do diagnóstico (fase 2); e uma caracterização dos doentes com asma e dos doentes com asma de difícil tratamento e com asma grave, após 3 meses (fase 3). 

O Estudo tem o apoio científico da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

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