Coimbra

“General sem medo” Humberto Delgado que resistiu à ditadura recordado na toponímia

Notícias de Coimbra | 7 meses atrás em 24-04-2024

A resistência do general Humberto Delgado no Estado Novo é recordada em 448 artérias no país, entre pelo menos 721 topónimos de figuras do antigo regime, 50 anos após o fim da ditadura em Portugal.

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De acordo com a base de dados dos CTT – Correios de Portugal facultada à agência Lusa, permanecem no espaço público largas centenas de topónimos de protagonistas do Estado Novo, de entre estradas, avenidas, ruas, vias, travessas, azinhagas, alamedas, praças, largos, escadas, calçadas, becos, terreiros, pracetas, pontes e bairros.

O general Humberto Delgado, que desafiou o regime salazarista nas presidenciais de 1958, possui 448 topónimos, com destaque para Sintra, com 17 placas em quatro avenidas, nove ruas, duas pracetas e duas travessas, em distintos lugares ou freguesias, seguido de Loures, com 16, dos quais 12 ruas, dois largos e praça.

O “general sem medo”, como ficou conhecido, derrotado nas urnas, num processo eleitoral fraudulento, antes de ser assassinado pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), é também distinguido no Seixal (Setúbal), com avenida, 10 ruas e praceta, e em Almada, com duas avenidas, quatro ruas, calçada, praça, praceta e travessa, e em Vila Franca de Xira com oito ruas e praceta.

Humberto Delgado nasceu numa aldeia de Torres Novas (Santarém), concelho com quatro ruas, uma na freguesia da Brogueira, e quatro largos com o seu nome, incluindo a “casa memorial” em que nasceu, em Boquilobo, e outros oito topónimos em Alenquer (Lisboa) e Guimarães, sete em Alcácer do Sal, Grândola e Moita (Setúbal), Mafra e Odivelas (Lisboa), Santo Tirso e Torres Vedras, e seis em Évora, Montijo e Santiago do Cacém (Setúbal), Penafiel (Porto) e Vila Nova de Famalicão (Braga).

Arraiolos (Évora), Beja, Cascais, Oeiras, Palmela (Setúbal), Cartaxo e Santarém possuem cinco artérias com o nome do general, mas muitos outros concelhos, de norte a sul e ilhas, variam entre um e quatro topónimos, desde a rua e beco em Viana do Castelo, às duas ruas e terreiro em Serpa ou a rua e bairro em Cuba (Beja), a avenida, duas ruas e largo em Silves (Faro) ou duas estradas na Horta, na ilha açoriana do Faial.

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Na lista com 72 referências toponímicas, nos distritos de Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Vila Real, surge Duarte Pacheco, que foi ministro das Obras Públicas e responsável por projetos como o aeroporto de Lisboa e a Ponte Salazar, rebatizada Ponte 25 de Abril, entre Lisboa e Almada.

O engenheiro Duarte Pacheco nasceu em Loulé, onde tem uma avenida, duas ruas e uma travessa, mas também é distinguido em Leiria (três ruas) e Santarém (rua, largo e travessa), assim como em muitos outros municípios em reconhecimento pela sua obra no país.

O cônsul português em França Aristides de Sousa Mendes, que concedeu à revelia de Salazar vistos a judeus, que fugiam ao exército alemão nazi, na Segunda Guerra Mundial, regista 63 topónimos nos distritos de Aveiro, Beja, Braga, Bragança. Coimbra, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu.

Sousa Mendes nasceu em Cabanas de Viriato, freguesia do concelho de Carregal do Sal (Viseu), onde apenas possuiu uma avenida com o seu nome, mas o diplomata destaca-se em Loures, com quatro ruas e praceta, em Cascais, com avenida e três ruas, em Odivelas, com duas avenidas e duas ruas, e dois topónimos em Fafe, Faro, Lousã, Guimarães, Santarém e Sintra, e uma artéria em muitos outros municípios.

Sobrevivendo à iniciativa de apagar a ideologia e memórias de 48 anos de ditadura, pelo menos 17 ruas têm o nome de António de Oliveira Salazar, que governou como ministro das Finanças e depois como presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro).

Em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, encontra-se a única rua com o nome de Manuel Dias Gonçalves Cerejeira, cardeal da Igreja Católica apoiante do Estado Novo, no concelho em que nasceu em 1888, e que foi também Patriarca de Lisboa.

Além da toponímia, figuras do Estado Novo estão ainda presentes na estatuária ou na ponte e viaduto Duarte Pacheco, em Penafiel e Lisboa, respetivamente, mas também no Aeroporto Humberto Delgado, na capital.

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