Política
Francisco Assis recusou hoje que o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho seja de extrema-direita
O deputado socialista Francisco Assis recusou hoje que o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho seja de extrema-direita, pediu serenidade e que se saiba discernir quem são “os verdadeiros inimigos”, qualificando o Chega de “séria ameaça à democracia”.
“Não vale a pena hipervalorizar alguns temas (…). Conheço o doutor Passos Coelho e não o considero uma pessoa de extrema-direita, que manifestamente não é. Tenhamos um pouco de serenidade e percebamos quem são os nossos verdadeiros inimigos”, defendeu Francisco Assis.
O socialista falava aos jornalistas à entrada para uma iniciativa com centenas de jovens no Porto, o Dia da Democracia, onde deu uma “aula” sobre democracia ao lado do presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira.
Francisco Assis defendeu ainda que o Chega é “uma séria ameaça à democracia portuguesa” pelo que qualquer aproximação ao partido de André Ventura parece-lhe “profundamente negativo”, mas escusou-se a relacionar esta ideia com a recente aparição de Pedro Passos Coelho na apresentação de um livro de pendor conservador, sobre identidade e família.
“Sobre a questão dos entendimentos com o Chega tenho a minha própria opinião (…). O tipo de discurso que o líder do Chega sistematicamente prenuncia, a forma como fala na Assembleia da República, a forma como se dirige aos seus adversários, transformando-os permanentemente em inimigos, fazem com que o Chega seja hoje uma ameaça à democracia. E nesse sentido parece-me que tudo o que seja uma aproximação ao Chega parece-me profundamente negativo”, disse Francisco Assis.
Também questionado sobre entendimentos entre o PS e o PSD para aprovação do futuro Orçamento do Estado, Francisco Assis disse “o normal é que o maior partido da oposição, o partido a quem compete construir uma alternativa para Portugal, não vote favoravelmente o Orçamento do Estado”, mas considerou que até outubro muito pode acontecer.
“Não é absolutamente impossível. O que o [secretário-geral do PS] Pedro Nuno Santos tem dito é que é praticamente impossível. Mas não devemos antecipar essa discussão (…). Neste momento há uma disponibilidade em torno de um eventual se necessário orçamento retificativo. A seguir vermos. Falta muito tempo para outubro. Daqui até outubro ainda se vão passar muitas coisas”, disse.
Ao contrário de Assis, o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, qualificou de “assustador” que Pedro Passos Coelho “tenha alinhado no discurso da extrema-direita”, pedindo aos jovens que se juntem ao combate a este “regresso ao passado”.
Na segunda-feira, na apresentação do livro “Identidade e Família – Entre a Consciência da Tradição e As Exigências da Modernidade”, numa livraria de Lisboa, Passos Coelho pediu um “sinal muito forte” para responder aos que expressaram desilusão nas últimas eleições e que não se criem desentendimentos teatrais no espaço político.
O antigo chefe de Governo defendeu que tem de haver uma capacidade de as pessoas “se entenderem coletivamente” e avisou que não se pode dizer aos eleitores que se tem “muito respeito pelas suas preocupações”, mas não pela escolha que fizeram nas urnas.
Sem explicitar os destinatários, mas numa aparente referência a PSD e Chega, o antigo primeiro-ministro disse que “quando há identidades firmadas” não há que ter medo de os espaços políticos “se diluírem ou confundirem entre si”.
Estiveram presentes na apresentação do livro o líder do Chega, André Ventura, e o líder do CDS-PP, Nuno Melo.
À saída, Ventura considerou que a intervenção de hoje de Passos Coelho tocou mais “em bandeiras do Chega, como a ideologia de género, a família ou a imigração”.
“É justo dizer que há um caminho de convergência na lógica do dr. Pedro Passos Coelho, mas apenas isso. Essa convergência talvez permita um candidato presidencial, porque não Pedro Passos Coelho?”, sugeriu.
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