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“Abril Vermelho” no Centro de Artes Visuais em Coimbra
O Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra, inaugura na sexta-feira “Abril Vermelho”, uma exposição com obras de 21 artistas nacionais e estrangeiros que procura problematizar o significado de 50 anos de liberdade e democracia em Portugal.
Na exposição, estarão presentes obras de artistas como Ângela Ferreira, António Olaio, Pedro Pousada, Délio Jasse, Manuel João Vieira e João Vasco Paiva, entre outros, numa iniciativa que tanto conta com obras já existentes como projetos encomendados.
“Há artistas que, de alguma forma, têm uma visão mais política da arte, há artistas que trabalham com a memória associada à revolução e ao passado colonial, e artistas com uma atitude irónica, quase cínica relativamente ao período do regime ditatorial”, afirmou à agência Lusa o curador da exposição, Miguel von Hafe Pérez.
Contando com uma maioria de artistas que já nasceram depois do 25 de Abril, interessava ao curador refletir sobre a liberdade, numa exposição que, apesar de não ter um intuito celebratório, “de uma forma distante e poética, é uma celebração”.
Quanto ao nome da exposição, o curador refere que é importante sublinhar um “contexto histórico específico”, em que o vermelho não remete apenas para os cravos, mas para um período marcado pela ideologia.
“Há uma tentativa a que assistimos de tentar desideologizar acontecimentos históricos, que é algo que me causa bastante confusão. Nesse sentido, é um sublinhado para os dados históricos”, vincou.
Partindo de uma vontade de entender a revolução em “sentidos polissémicos”, a exposição tem como intenção abrir uma discussão sobre “o que se cumpriu e o que falta cumprir”, refere o CAV.
“Esta será uma oportunidade de aferir que tipo de valores e preocupações estes autores preferem discutir através das suas propostas visuais, atualizando assim o acervo iconográfico associado à história da Revolução dos Cravos”, explicou o curador, na nota sobre a exposição.
Para Miguel von Hafe Pérez, “celebrar o 25 de Abril não é um capricho”.
“É criar uma ponte entre a liberdade conquistada e o fantasma de um país atrasado, isolado, arrastado para uma guerra colonial insustentável. A memória não é um bem negociável. É um exercício crítico quotidiano”, sustenta, alertando para a cruzada civilizacional que o país e o mundo vivem, como as alterações climáticas, a digitalização das relações interpessoais ou a “imposição de um capitalismo desregrado”.
“Não há inteligência artificial que possa resolver a angústia contemporânea”, remata o curador, apontando para a criação artística como mecanismo que permite convocar um confronto com a realidade envolvente.
Para além dos artistas já mencionados, participam em “Abril Vermelho” Daniel Barroca, Filipe Marques, Isabel Ribeiro, João Tabarra, Luísa Jacinto, Manuel Santos Maia, Miguel Palma, Nuno Nunes-Ferreira, Osias André, Patrícia Almeida, Pedro Medeiros, Pedro Portugal, Roger Paulino, Ruben Santiago e Vanda Madureira.
A exposição, que é inaugurada na sexta-feira, estará patente até 16 de junho.
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