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“ContraCantos” de Miguel Calhaz em digressão nacional
O músico Miguel Calhaz realiza em abril uma digressão nacional de apresentação do seu novo álbum, “ContraCantos”, “porque a luta é contínua”, como disse o compositor e contrabaixista à agência Lusa.
Em “ContraCantos”, editado no passado dia 02 de fevereiro, Miguel Calhaz celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, propondo uma releitura e reinterpretações de canções que marcaram Abril e a oposição à ditadura, de ‘cantautores’ como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Fausto, José Mário Branco e Sérgio Godinho, recorrendo apenas à voz e ao contrabaixo.
No próximo 07 de abril, às 16:30, Calhaz atua no Cine-teatro Stephens/Casa da Cultura, na Marinha Grande, e, no dia 14, às 17:00, sobe ao palco do Centro Social e Cultural de Horta, no distrito de Aveiro, no âmbito do evento “Semear a Liberdade”, abrindo caminho a outros concertos pelo país.
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Estes dois espetáculos comemorativos da Revolução dos Cravos são organizados pela Associação José Afonso.
O álbum inclui um total de 16 canções da corrente que se usou chamar ‘canção de protesto’ ou ‘de intervenção’, entre as quais “Espalhem a Notícia”, “Maio Maduro Maio”, “Tu Gitana”, “Por Este Rio Acima” e “Eu Vi Este Povo Lutar (Confederação)”.
“São 16 canções gravadas como se de uma apresentação ao vivo se tratasse, como se estivesse a subir a um palco. E aqui desdobram-se estes ‘cantos do contra’. É um protesto feito de amor e vice-versa”, disse à Lusa.
No dia 25 de Abril, às 18:00, “ContraCantos” é apresentado no Pavilhão Multiusos das Devesas Altas, em Oleiros, distrito de Castelo Branco.
No dia 30 de abril, às 21:30, Miguel Calhaz atua na Casa da Cultura da Sertã, município onde nasceu, também no distrito albicastrense e, igualmente celebrando a revolução abrilina.
Nestes espetáculos, tal como no disco, Miguel Calhaz acompanha-se apenas ao contrabaixo.
“Decidi fazer uma abordagem apenas a solo, homenageando os nossos mestres ‘cantautores’”, disse.
No seu percurso, o músico foi experimentando até entender que tinha “uma independência multiparcial, para fazer várias coisas ao mesmo tempo, isto é, cantar, tocar e fazer ainda percussão e harmónicos, e outros recursos do contrabaixo”.
A celebração dos 50 anos da Revolução dos Cravos não foi alheia à escolha deste repertório, mas Miguel Calhaz realçou que estes cantautores “estiveram sempre presentes” desde a sua juventude, nas suas influências e na música que faz.
“Fui sempre muito marcado pela música do Sérgio Godinho, do José Mário Branco, do Zeca [Afonso] e do Adriano Correia de Oliveira, do Fausto. Na minha juventude, ouvi-os repetidamente, foram fontes de onde bebi muita água, tirei de lá muitas ideias, e pensei que era chegada a altura de lhes retribuir e tentar agradecer, com esta homenagem, tudo o que eles fizeram por este país”.
Sobre a escolha deste alinhamento, que inclui ainda canções como “Mariazinha”, “Erguem-se Muros em Volta” e “Epígrafe Para a Arte de Furtar”, Miguel Calhaz afirmou: “Tem muito a ver com a praticabilidade, em termos de eu conseguir pôr estas músicas nos dedos e na voz”.
Miguel Calhaz afirmou que com este trabalho pretende “honrar a coragem de quem tanto lutou para que o legado destes cantautores chegasse até nós” e “é dedicado a quem trabalha para que não se esqueça este repertório e esta mensagem”.
“No fundo é espalhar esta valiosa semente e tentar combater esta aridez sintética dos dias de hoje que ameaça invadir os campos do pensamento fértil”, rematou.
Miguel Calhaz editou os álbuns “Estas Palavras” (2012), “vozCONTRAbaixo” (2017) e “Contemporânea Tradição” (2023).
Em 2011 venceu o Prémio José Afonso para um tema original, no 3.º Festival Cantar Abril, o Prémio Adriano Correia de Oliveira, para a melhor recriação, em 2013 e, em 2015, o Prémio Ary dos Santos para a melhor letra.
Licenciado em Educação Musical e em Contrabaixo/Jazz, e mestre em Ensino da Música Jazz, Miguel Calhaz é professor do Curso Profissional de Jazz e da Orquestra Geração, no Conservatório de Música de Coimbra.
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