Partidos
Pedro Nuno Santos em luta pelo “voto útil” entre a herança de Costa e a promessa de renovação
Imagem: Facebook
O secretário-geral socialista pede a concentração de votos no PS nas eleições de domingo contra o “regresso ao passado” com a AD, numa estratégia de equilíbrio entre a herança de António Costa e promessas de renovação.
“Só o PS pode fazer melhor do que o PS”, defendeu António Costa em dezembro, na abertura congresso em que passou formalmente o testemunho da liderança a Pedro Nuno Santos. Esta frase do primeiro-ministro cessante continua a sintetizar uma das mensagens centrais que a campanha de Pedro Nuno Santos transmite aos eleitores em relação ao que está fundamentalmente em causa nas legislativas de domingo.
Com a generalidade das sondagens a atribuírem vantagem à Aliança Democrática (AD), os dirigentes mais próximos de Pedro Nuno Santos relativizam-nas e dizem-se confiantes na vitória. Mas, ao mesmo tempo, ao contrário do que aconteceu nas legislativas de 2022, também realçam a dificuldade desse objetivo, lembrando que na História da democracia portuguesa nunca se assistiu a uma sucessão de primeiros-ministros do mesmo partido na sequência de eleições. Falam, ainda, no natural desgaste de um partido que assume funções governativas há oito anos.
Com as sondagens a traduzirem igualmente uma elevada percentagem de indecisos, o secretário-geral do PS tem tentado bipolarizar a questão das eleições, sobretudo na reta final desta campanha, alegando que a questão decisiva é entre quem vai ganhar e comandar o próximo Governo: “O PS ou a direita”.
Nos seus discursos, o líder socialista tem procurado capitalizar as polémicas que resultam da campanha da AD, como a questão dos imigrantes com Passos Coelho, as declarações sobre aborto de Paulo Núncio, ou ainda sobre as alterações climáticas do ex-presidente da CAP Eduardo Oliveira e Sousa. Também exigiu explicações ao presidente do PSD, Luís Montenegro, sobre alegados cortes no subsídio de desemprego, mudança nas regras de progressão nas carreiras da administração pública e exequibilidade do seu cenário macroeconómico.
A direita, se vencer as eleições, segundo Pedro Nuno Santos, trará consigo um projeto de desinvestimento no Estado social e irá “desbaratar” o equilíbrio orçamental alcançado em Portugal, adotando políticas que apenas vão “beneficiar os que não precisam, os de cima”.
Na maioria das intervenções que fez nesta campanha, o secretário-geral do PS assegurou que vai manter o equilíbrio das contas públicas seguido nos oito anos de governos de António Costa, mas com “uma nova ambição e energia” para corrigir o que está mal em vários setores. Perante demonstrações de descontentamento, prometeu atender às reivindicações de setores profissionais como os polícias, os militares das Forças Armadas, os oficiais de justiça ou os professores.
Esta ideia de que o PS consegue renovar-se a si próprio e representa uma mudança segura, ao contrário da AD, foi salientada pelo presidente do partido, Carlos César, durante o comício de Coimbra, na segunda-feira. “O PS é continuidade para a mudança, é mudança e continuidade”.
Aliás, ao longo desta campanha, esteve ainda bem patente a intenção do PS de combater a ideia de que Pedro Nuno Santos foi o “ministro trapalhadas”. A campanha socialista quis mostrar obra feita, ou em curso, com visitas a estaleiros de caminhos-de-ferro, como em Évora, a prédios para arrendamento acessível em Lisboa ou a novas moradias em Anadia (distrito de Aveiro). A caravana do PS fez ainda percursos de comboio em linhas modernizadas nos últimos anos, como a que liga Marco de Canaveses ao Porto, e visitou obras para a construção de novos hospitais em Évora e Sintra.
O momento considerado mais alto da campanha do PS aconteceu no sábado passado, no comício do Porto, no pavilhão Rosa Mota, que juntou milhares de apoiantes. António Costa acentuou a ideia de que o PS representa segurança, perguntando: “Será que vale a pena, agora que as coisas se começam a endireitar, fazer uma mudança sem segurança, em vez de dar oportunidade ao Pedro Nuno Santos para continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, agora com mais energia, com novas ideias, mas sem mudança de rumo? Não é altura de arriscarmos com experiências, nem com a repetição de soluções que já se demonstraram que não funcionam. Não é altura de arriscarmos com experiências de quem não tem experiência”, declarou.
Em comparação com as legislativas de 2022, os comícios e ações de rua tiveram globalmente a mesma dimensão. Na rua, Pedro Nuno Santos é mais descontraído e emotivo do que António Costa no contacto com as pessoas.
Ainda em relação às arruadas, entre os mais diretos colaboradores do secretário-geral do PS teme-se que nestes últimos dias de campanha sejam “plantados provocadores”. Até agora, o único incidente, embora sem consequências, aconteceu em Guimarães, no domingo passado, quando um homem atirou um vaso de um primeiro andar para os apoiantes do PS.
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