Opinião
Liberdade incondicional
Não há limite entre a nossa consciência e aquilo que fazemos. Nem tudo o que pensamos é contributo para a humanidade. Mas a avaliação é necessária, quando queremos manifestar o pensamento em público. Perguntei a um jovem, recentemente, o que ele estava a fazer para mudar o mundo. Não me espantou a sua resposta; ele, simplesmente, não está a fazer muita coisa, limita-se a acompanhá-lo como todos nós.
As gerações são todas diferentes, e todas, também, mudaram o mundo à sua maneira. Quando olhamos para trás, não nos lembramos de tudo, mas sabemos que temos uma história e um passado que não é só nosso. Sim, eu ainda penso e ajo como a minha mãe. Não tenho filhos e isso foi uma escolha. Sinto-me uma mulher deste tempo, onde nem tudo é preto ou branco, há, felizmente, outras cores onde é possível sermos felizes. Não me sinto menos mulher, embora a sociedade viva, ainda, marcada por dicotomias redutoras.
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Todos sentimos a necessidade de inventar a vida que queremos viver, e isso é uma urgência. E nela cabem os afetos, a compreensão, as conversas, o riso e a pele. Às vezes, tenho a sensação que, quando tinha vinte anos, quase tudo era mais fácil do que agora. Talvez seja uma quimera, mas o mundo, possivelmente, poderia ter sido salvo pela minha geração.
Aproximei-me da Arte para reencontrar a reflexão da História da Humanidade, aquela que concilia as diferenças em todas as artes, onde o humanismo permite encontrar algumas respostas e entender o meu comportamento evolutivo e inquieto. A rebeldia de hoje entristece-me, a hiperconectividade deixa as nossas vidas exaustas. Deixámos de pensar em conjunto, passámos a envelhecer sozinhos. Não ouvimos mais o galo cantar no quintal, a nossa vida depende quase, exclusivamente, de uma conexão.
A esperança, para mim, não aparece ligada à política, à religião ou ao futebol. A minha vida decide seguir a corrente dos rios, o pulsar das pessoas boas, o ritmo da música que nos convida a imaginar que o mundo não está perdido; o livre arbítrio pode salvar os pequenos gestos. No entanto, nas páginas em branco, dos dias de outrora, nascem palavras dedicadas aos pássaros, porque elas são as asas da liberdade incondicional.
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