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Liga e associações querem rastreios ao cancro do pulmão com urgência
A urgência na implementação de rastreios dedicados ao cancro do pulmão, doença responsável por 15,4% das mortes por cancro em Portugal, marca as exigências da liga e de associações desta área.
Em declarações à agência Lusa, nas vésperas do Dia Mundial do Cancro, que se assinala domingo, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) defendeu a implementação “com urgência” de um programa de rastreio de base populacional que garanta uma deteção mais precoce do cancro do pulmão de forma a “dar maior sobrevivência e maior qualidade de vida às pessoas”.
“Este tema é falado há tempo demais. É preciso passar para o terreno. Este é um cancro com alta incidência e alta mortalidade e com baixa sobrevivência porque a maior parte dos cancros do pulmão são diagnosticados tardiamente, o que também se reflete em maior despesa global para o estado [devido ao valor gasto em tratamentos em casos muito avançados]”, disse Francisco Cavaleiro de Ferreira.
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Também a presidente da Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão (Pulmonale), Isabel Magalhães, apontou este tema como “prioritário”, partilhando a ideia de que “se estão a perder oportunidades ao adiar a implementação de projetos”.
“Além da questão pessoal, há que pensar que o cancro de pulmão detetado em fase avançada tem um custo de tratamento elevadíssimo. Esta é a doença oncológica com maior mortalidade associada. Isto tem muito a ver com a maioria dos diagnósticos serem efetuados numa fase muito avançada quando uma abordagem com perspetiva curativa já não tem eficácia”, disse Isabel Magalhães.
À Lusa, ambos criticaram o impasse na implementação de projetos dedicados ao cancro do pulmão, um tipo de cancro responsável por 15,4% das mortes por cancro em Portugal, de acordo com o Registo Oncológico Nacional (RON) de 2020 divulgado recentemente.
Francisco Cavaleiro de Ferreira referiu que a LPCC está disponível para avançar com projetos-piloto nesta área e reiterou que já manifestou essa disponibilidade à tutela.
A experiência da liga que faz “há mais de 30 anos rastreios não deve ser desperdiçada”, defendeu o presidente, recordando que uma parte do trabalho, as convocatórias, é transversal a todos os rastreios de base populacional e “essa é uma máquina que já está montada na LPCC”.
“É uma questão de vontade e de organização. As recomendações internacionais têm o modelo muito bem definido. Não é preciso inventar nada de novo. Os adiamentos são estranhos porque há fundos europeus que estão disponíveis para se poderem iniciar projetos-piloto”, disse o presidente da LPCC.
Também a associação Pulmonale descreveu o trabalho realizado nesta área, nomeadamente o desenho que fez e apresentou à tutela em 2021 de um projeto-piloto a implementar no Grande Porto, região escolhida dada a incidência do cancro do pulmão, os hábitos tabágicos da população, bem como a realidade de acesso aos cuidados primários.
“Até identificamos uma linha de apoio da União Europeia destinada a projetos-piloto que, entretanto, encerrou e foi uma oportunidade perdida e este projeto é do conhecimento da Direção-Executiva do SNS. Não se percebe a demora e os recuos nesta área tão importante”, disse Isabel Magalhães.
Em Portugal existem três rastreios oncológicos de base populacional: cancro da mama, cancro do colo útero e cancro do cólon e reto.
Em dezembro de 2022, o ministro da Saúde anunciou, em Bruxelas, à margem do Conselho de ministros da Saúde da União Europeia, o alargamento do programa de rastreios oncológicos aos cancros do pulmão, da próstata e do estômago, apontando que arrancariam em 2023 com projetos-piloto.
Em fevereiro do ano passado, Manuel Pizarro prometeu antecipar a meta europeia de rastreios de cancro e lançar “até 2024” projetos-piloto para a deteção precoce da doença na próstata, no sistema gástrico e nos pulmões.
Em 2020 foram registados, em Portugal, mais de 52 mil novos casos de cancro, uma doença que é a segunda causa de morte no país e responsável por mais de 28 mil mortes anuais.
O cancro do pulmão foi também o mais comum no mundo em 2022 e a principal causa de morte por cancro, seguido pelos da mama e colorretal, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS), na quinta-feira, num encontro com a imprensa de antevisão ao Dia Mundial do Cancro.
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