Economia

PCP quer “abrir caminho” para recuperar controlo público de empresas estratégicas

Notícias de Coimbra com Lusa | 11 meses atrás em 15-01-2024

O secretário-geral do PCP afirmou hoje querer “abrir caminho” para que o Estado recupere o controlo público de empresas em setores estratégicos da economia, qualificando as privatizações de “crime político e económico” e de “campo fértil” para a corrupção.

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Num discurso na sessão “Privatização nos setores estratégicos: um crime contra a soberania nacional”, organizada hoje pela CDU à frente do edifício da Altice, em Lisboa, Paulo Raimundo sublinhou que, apesar de a Constituição estipular que o poder económico deve estar subordinado ao poder político, “a prática diária faz o contrário”.

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“É o poder económico com os seus tentáculos, com as suas redes de influência, a mexer os seus cordelinhos para determinar todos os caminhos do nosso país”, criticou, abordando as privatizações de várias empresas portuguesas, como a ANA, a Petrogal, a EDP, a PT ou os CTT, para sustentar esta tese.

Paulo Raimundo referiu que todas essas empresas foram privatizadas segundo a premissa de que “o Estado não aguenta” e que era preciso “melhorar os serviços, a resposta aos utentes”, o que considerou não se ter verificado.

“O Estado deixou de receber dividendos, o dinheiro que encaixou com os seus negócios praticamente não tem significado, os trabalhadores ficaram piores, os utentes de cada um dos serviços pagam tudo mais caro, e o país perdeu instrumentos fundamentais da sua economia”, referiu.

Paulo Raimundo abordou o relatório do Tribunal de Contas, divulgado no início deste mês, que considerou que a privatização da ANA não serviu o interesse público, para salientar que o Governo PSD/CDS decidiu, em 2013, entregar “à Vinci 20 mil milhões de euros em troca de mil milhões”.

“O Euromilhões ao pé disto não é nada. Isto sim é que é fazer excêntricos todos os dias, esta política ao serviço desta gente”, criticou.

O líder comunista considerou assim que as privatizações são um “crime à soberania, um crime político, económico”, mas constituem também “o campo mais fértil para toda a dinâmica da corrupção, do compadrio, do tráfico de influências”.

“Quem quiser combater a corrupção, como nós queremos, não pode deixar de ter em conta este que é o centro da corrupção que são as privatizações, as negociatas e tudo aquilo que envolve”, disse.

Paulo Raimundo referiu que o seu partido “não se conforma” com esta situação e pretende “abrir um caminho para recuperar o controlo público destas empresas”, reconhecendo que “é difícil e exigente”, mas as eleições legislativas podem ser um “sinal importante” nesse sentido.

“Não [queremos recuperar esse controlo] para pormos lá numa jarrinha a dizer ‘mais uma que está no controlo público’. Não, é para pôr cada empresa que recuperarmos ao serviço do povo, dos trabalhadores, que é para isso que é cá andamos”, disse.

Questionado depois, em declarações aos jornalistas, se o PCP vai propor a renacionalização de todas estas empresas, o líder comunista respondeu que, “para fazer promessas impossíveis de concretizar, já se teve um fim de semana cheio disso”, numa alusão ao congresso do Chega.

O que “achamos é que é preciso um caminho que abra soluções para recuperar para o Estado o controlo público das empresas. Para recuperar o controlo público das empresas, não é necessário 100% do capital em todas elas, há caminhos muito diferentes”, disse, acrescentando que o PCP pretende também impedir privatizações de empresas públicas, como no caso da TAP.

No seu discurso, Paulo Raimundo rejeitou que o Estado não tenha recursos para retomar o controlo de empresas como a Petrogal ou os CTT, contrapondo que há sempre dinheiro para os “buracos das negociatas e da especulação”.

“Não nos esqueçamos dos 16 mil milhões de euros que saíram dos nossos bolsos para tapar o buraco da banca de 2008 até agora. Não é um problema de não haver condições, recursos ou meios. Não, tem é de haver uma opção política nesse sentido”, defendeu.

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