Cinema
40 agentes pedem admissão da Casa do Cinema de Coimbra a programa do Instituto do Cinema e Audiovisual
Mais de 40 distribuidoras, produtoras e outras instituições do setor juntaram-se à Casa do Cinema de Coimbra para exigir a admissão daquela sala independente ao subprograma de apoio à exibição do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA).
As atuais regras daquele programa de apoio determinam que o acesso ao seu financiamento seja exclusivo a empresas, vedando-o a associações, como é o caso da Caminhos do Cinema Português (CCP), instituição que dinamiza a Casa do Cinema de Coimbra, sala independente aberta desde 2021, no centro da cidade, em parceria com a Fila K Cineclube e o Centro de Estudos Cinematográficos.
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Numa carta enviada ao ICA a que a agência Lusa teve acesso, a CCP pede ao ICA uma mudança do regulamento, nomeadamente a abertura de candidaturas a associações, para permitir o acesso da Casa do Cinema de Coimbra àquele programa de apoio à exibição.
A carta é subscrita por várias entidades do setor, como as distribuidoras Cinemundo, NOS Lusomundo e Alambique, as produtoras Bando à Parte, O Som e a Fúria, Ukbar, Uma Pedra no Sapato, Terratreme, assim como a Associação Portuguesa de Realizadores, Associação Portuguesa dos Produtores de Animação, a Academia Portuguesa de Cinema e a Agência da Curta-Metragem Portuguesa.
A Universidade de Coimbra, a Midas, empresa responsável pela programação do Cinema Ideal em Lisboa, e os realizadores João Salaviza e Renée Nader Massera são outros dos nomes que subscrevem o pedido da CCP junto do ICA.
“Sendo a Casa do Cinema de Coimbra a única sala fora das áreas metropolitanas que promove cinema independente com exibições regulares toda a semana, três a quatro sessões por dia, sete dias por semana, não se compreende como é que a forma jurídica do promotor deste projeto o poderá afastar de beneficiar de apoios públicos para a ação de exibição de cinema”, pode ler-se na carta enviada ao ICA.
O presidente da CCP, Tiago Santos, explicou à agência Lusa que a Casa do Cinema de Coimbra apenas pode ter acesso ao apoio à exibição em circuitos alternativos, cujo montante máximo é de 10.000 euros (no outro programa, o montante máximo foi, em 2023, de 57.500 euros), e que se destina, sobretudo, a associações na área “cineclubista”.
Aquele tipo de apoio exige um mínimo de 30 sessões por ano e oito sessões de filmes nacionais, quando a Casa do Cinema de Coimbra “talvez cumpra isso em dois meses”, notou.
Tiago Santos recordou que o Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra, é o único espaço fora de Lisboa ou do Porto que teve financiamento em 2023 através do subprograma de apoio à exibição, assegurando “cerca de 70 sessões por ano”, numa parceria com a Leopardo Filmes.
Já a Casa do Cinema de Coimbra tem uma ação “de quase 365 dias por ano, com mais de 1.800 sessões”, constatou.
“Porque é que a Casa do Cinema não pode estar incluída? […] Esta diferenciação entre associação e empresa não faz sentido, ainda para mais quando estamos na rede Europa Cinemas, cujos critérios são muito mais rigorosos do que os do ICA”, protestou.
Em 2023, aquele espaço de Coimbra que funciona no antigo cinema Avenida teve um total de 21.739 espectadores e exibiu 95 filmes portugueses, cerca de 27% de toda a programação anual, sem contar com o festival Caminhos do Cinema Português, disse o presidente da CCP.
Para Tiago Santos, a possibilidade de a Casa do Cinema de Coimbra ser admitida ao subprograma, com um patamar de apoio superior, permitiria “criar condições de maior estabilidade”, assim como capacidade para investir na própria sala de cinema.
“Gostávamos que este subprograma fosse aberto a todos e queremos abrir esse caminho para outros”, afirmou.
A agência Lusa procurou obter uma reação junto do ICA, mas sem sucesso, até ao momento.
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