Opinião

Maló de Abreu, um idealista desiludido

OPINIÃO | Rui Avelar | 11 meses atrás em 10-01-2024

António Maló de Abreu, que se desvinculou do PSD, esta quarta-feira, é um idealista, que, aparentemente, se desiludiu.

O médico dentista – eleito em 1979 para 77º. presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) – é natural de Moçâmedes (Angola) e completa 67 anos de idade no próximo domingo.

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Mais brilhante a conceber do que a executar, é deputado à Assembleia da República, tendo sido catapultado para a função ao abrigo da amizade que, há perto de meio século, o liga a Rui Rio (anterior líder social-democrata).

António, irmão do antigo futebolista João Maló (lendário guarda-redes da velha Académica), nunca concretizou o sonho de presidir à Briosa, tendo-se candidatado ao cargo quando esta dava pelo nome de Académica/OAF (Organismo Autónomo da AAC).

Academista ferrenho, presidiu à Mesa da Assembleia Geral da AAC/OAF, e preveniu, num livro da autoria de João Pedro Campos, que, um dia, “pode haver uma desgraça”, querendo com isto alertar para o risco de a Assembleia Magna da AAC poder dissolver o Organismo Autónomo de Futebol.

O principal emblema conimbricense em matéria de desporto-rei “devia estar na Academia”, advoga.

No dealbar de um ciclo de quatro presidências social-democratas da Direcção-Geral da AAC, Maló de Abreu foi protagonista do regresso das tradições académicas no pós-25 de Abril de 1974, sendo que o retorno da Queima das Fitas, em 1980, foi precedido por um evento denominado Semana Académica.

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Sempre com o ´bichinho´ da política nas suas entranhas, Maló foi delegado da outrora Direcção-Geral dos Desportos (DGD), alto dirigente partidário e membro da Assembleia Municipal de Coimbra.

No anúncio da sua desvinculação do PSD, António Maló de Abreu foi lacónico, tendo aludido a “profunda tristeza” e remetido para “sentido de responsabilidade, ancorado em convicções”.

Social-democrata convicto, o médico dentista dá a entender que a sua extracção do PSD, embora por vontade própria, não deixou de ser dolorosa.

Aos olhos de uma idealista, como Maló, é provável o horizonte de futuro por ele desejado se não compatibilize com um monte negro e, por maioria de razão, com um panorama que talvez pressinta sombrio.

OPINIÃO | RUI AVELAR – JORNALISTA

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