Opinião
Maló de Abreu, um idealista desiludido
António Maló de Abreu, que se desvinculou do PSD, esta quarta-feira, é um idealista, que, aparentemente, se desiludiu.
O médico dentista – eleito em 1979 para 77º. presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) – é natural de Moçâmedes (Angola) e completa 67 anos de idade no próximo domingo.
Mais brilhante a conceber do que a executar, é deputado à Assembleia da República, tendo sido catapultado para a função ao abrigo da amizade que, há perto de meio século, o liga a Rui Rio (anterior líder social-democrata).
António, irmão do antigo futebolista João Maló (lendário guarda-redes da velha Académica), nunca concretizou o sonho de presidir à Briosa, tendo-se candidatado ao cargo quando esta dava pelo nome de Académica/OAF (Organismo Autónomo da AAC).
Academista ferrenho, presidiu à Mesa da Assembleia Geral da AAC/OAF, e preveniu, num livro da autoria de João Pedro Campos, que, um dia, “pode haver uma desgraça”, querendo com isto alertar para o risco de a Assembleia Magna da AAC poder dissolver o Organismo Autónomo de Futebol.
O principal emblema conimbricense em matéria de desporto-rei “devia estar na Academia”, advoga.
No dealbar de um ciclo de quatro presidências social-democratas da Direcção-Geral da AAC, Maló de Abreu foi protagonista do regresso das tradições académicas no pós-25 de Abril de 1974, sendo que o retorno da Queima das Fitas, em 1980, foi precedido por um evento denominado Semana Académica.
Sempre com o ´bichinho´ da política nas suas entranhas, Maló foi delegado da outrora Direcção-Geral dos Desportos (DGD), alto dirigente partidário e membro da Assembleia Municipal de Coimbra.
No anúncio da sua desvinculação do PSD, António Maló de Abreu foi lacónico, tendo aludido a “profunda tristeza” e remetido para “sentido de responsabilidade, ancorado em convicções”.
Social-democrata convicto, o médico dentista dá a entender que a sua extracção do PSD, embora por vontade própria, não deixou de ser dolorosa.
Aos olhos de uma idealista, como Maló, é provável o horizonte de futuro por ele desejado se não compatibilize com um monte negro e, por maioria de razão, com um panorama que talvez pressinta sombrio.
OPINIÃO | RUI AVELAR – JORNALISTA
Related Images:
PUBLICIDADE