Coimbra

Bloco de Esquerda manifesta-se contra Diário de Coimbra

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 16-10-2015

O Bloco de Esquerda remeteu-nos um comunicado onde manifesta o seu descontentamento em relação a um editorial veiculado por jornais do grupo Adriano Lucas. O que acha o leitor?

O COMUNICADO DO BLOCO DE ESQUERDA:

A quem serve o Diário de Coimbra?

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O Diário de Coimbra (DC), num texto publicado no passado dia 14 e transcrito nos congéneres (ou filiais), Diário de Aveiro (DA), Diário de Leiria (DL) e Diário de Viseu (DV), neste período pós-eleitoral em que várias soluções governativas, dentro do quadro constitucional, estão em debate na sociedade portuguesa, decidiu lembrar, aos seus leitores e ao público em geral, o seu estatuto editorial e explicitar o “posicionamento do jornal no atual momento político”. À partida, assume-se “ao serviço de Coimbra e da Região das Beiras”, afirma-se “defensor de causas que interessam às suas gentes” e diz partilhar dos valores europeus – “de democracia, de liberdade, de economia de mercado, de moeda única, de defesa comum, entre outros”.

Contudo, logo abaixo, sem se preocupar em respeitar, com o devido rigor, os princípios enunciados, dispara: “(…) estamos a assistir a uma aparente deriva esquerdista radical por parte do atual líder do Partido Socialista (…)” E, mais adiante, acrescenta: “(…) esperamos que impere o bom-senso no Partido Socialista, que esta associação perversa com a extrema esquerda não venha a concretizar-se.” Pelo meio, justifica todos os seus terrores, evocando os fantasmas que foi alimentando ao longo das últimas quatro décadas e que lhe servem agora para aprovar, sustentar e aplaudir uma fórmula política e uma realização governativa que, nos últimos quatro anos, provocaram os estragos na economia (de mercado) e na sociedade portuguesa, com fortes limitações da democracia, da liberdade e da dignidade dos cidadãos e cidadãs, que os relatórios de entidades independentes e as declarações de vários especialistas têm vindo a divulgar.

Este texto do DC serve, de forma clara, para explicitar, não tanto o seu estatuto editorial, que já conhecíamos e que respeitamos, mas a opção eleitoral dos seus proprietários e diretores nestas eleições, a qual é coerente, reconheçamos, com a fórmula governativa da sua preferência e a rejeição tão acirrada do cenário “tão negativo para o País”, que, segundo ameaça, “não deixará de combater (…) se o mesmo vier a concretizar-se.”

Contudo, ao proferir estes vitupérios, o DC, no seu texto, parece não se dar conta de que está, de facto, a ofender e a intimidar muitas gentes de Coimbra e da sua região. Para nos referirmos só ao distrito de Coimbra (a nossa região é muito mais ampla), esse universo envolve, pelo menos, os e as votantes no PS (77 684 – 35,28%), no BE (21 780 – 9,89%) e na CDU (15 476 – 7,03%), ou seja um total de 114 940 votantes, a que correspondem 52,20% dos votos válidos expressos. São esses cidadãos e cidadãs que o DC quer desqualificar, ameaçar e remeter para as zonas sombrias dos fantasmas com que persiste conviver.

São esses cidadãos e cidadãs que, em nome da democracia e da liberdade, estão no direito de lhe exigir desculpas públicas. O Bloco de Esquerda está ao seu lado.

O EDITORIAL DO DIÁRIO DE COIMBRA:

Editorial
Diário de Coimbra e o actual momento político

Neste período pós eleitoral de grande incerteza sobre o futuro governo do País, com riscos graves de instabilidade política comprometedora da continuidade da recuperação económica, que ainda é muito frágil, importa reafirmarmos os princípios que orientam o Diário de Coimbra, que constam do seu Estatuto Editorial, e o posicionamento do jornal no actual momento político.

O Diário de Coimbra assume-se, desde a sua fundação, como um jornal informativo, republicano e liberal, ao serviço de Coimbra e da Região das Beiras, defensor de causas que interessam às suas gentes, da Liberdade de Imprensa, da livre iniciativa privada, da economia de mercado e da sã concorrência, do combate aos monopólios, à burocracia, ao centralismo do Estado e a quaisquer ideologias colectivistas, totalitárias, fascistas, comunistas ou outras, que alienam e escravizam os seres humanos. Defendemos a regionalização do País bem como a plena integração e unificação europeia, numa Europa federada, numa Europa das Regiões e dos Cidadãos, dado estarmos convictos que é na Europa e na partilha dos seus valores (de democracia, de liberdade, de economia de mercado, de moeda única, de defesa comum, entre outros) que a grande maioria dos portugueses se revê, como cidadãos europeus de pleno direito que também somos, conforme tem sido expresso nos diversos actos eleitorais.

É pois com preocupação que estamos a assistir a uma aparente deriva esquerdista radical por parte do actual líder do Partido Socialista que, apesar de ter perdido as eleições, parece querer aceder ao poder a todo o custo, mesmo com apoio dos partidos da extrema esquerda que defendem ideologias comunistas totalitárias que nada têm a ver com a vontade da grande maioria dos portugueses, nem mesmo, estamos em crer, com a vontade da maioria dos que votaram no Partido Socialista.

Todos os que vivemos os tempos conturbados do processo revolucionário de 1975 (o PREC de má memória) nos lembramos bem dos desmandos e dos grandes prejuízos causados ao País, quando os comunistas estiveram no poder. Desde logo quando tentaram suprimir as liberdades individuais, a começar pela Liberdade de Imprensa ao tomarem de assalto quase todos os jornais, incluindo o “República”, do próprio Partido Socialista, no intuito de silenciarem os opositores, visando a implantação de uma ditadura ao estilo soviético.

A bem do País, e da confiança dos agentes económicos indispensável ao crescimento e à criação de emprego, esperamos que impere o bom-senso no Partido Socialista, que esta associação perversa com a extrema esquerda não venha a concretizar-se e que não se repita em Portugal o triste exemplo a que assistimos este ano na Grécia com o Syrisa, que agravou o empobrecimento do povo grego.

O Diário de Coimbra manter-se-á fiel aos princípios do seu Estatuto Editorial e não deixará de combater este cenário tão negativo para o País se o mesmo vier a concretizar-se. Continuaremos na mesma linha, ao serviço dos nossos leitores, assinantes e anunciantes, que são a nossa única razão de ser, a quem agradecemos a preferência e o apoio que nos têm dado.

A todos o nosso Bem Haja.
Adriano Callé Lucas

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