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Certificados de aforro estão a perder interesse. Os antigos devem ser mantidos
Os novos certificados de aforro, lançados há seis meses, estão “cada vez menos interessantes” e as amortizações poderão superar as entradas de dinheiro, mas quem tem os mais antigos deve mantê-los, considera o analista financeiro da Deco António Ribeiro.
A taxa de juro com que a nova série F foi lançada (varia consoante a Euribor a três meses, não podendo ir além dos 2,5%) e a maior remuneração dos depósitos a prazo que, entretanto, os bancos começaram a oferecer, fez a procura pelos certificados de aforro (CA) travar a fundo a partir de junho, sendo que em outubro (último mês para o qual existem dados) a diferença entre as emissões (entradas de dinheiro) e as amortizações foi de apenas 39 milhões de euros.
Perante o aumento das taxas de juro dos depósitos a prazo, António Ribeiro sublinha que “os certificados de aforro, que perderam interesse quando foi criada a nova série, estão agora ainda menos interessantes”, admitindo que mesmo que os juros dos depósitos estabilizem, estes títulos de dívida pública deverão continuar a “ter cada vez menos procura”.
Uma situação que contrasta com a vivida durante o primeiro semestre deste ano, quando a série E estava ainda em comercialização, em que as entradas de dinheiro em CA superaram a barreira dos três mil milhões de euros em dois meses (janeiro e março), tendo apenas num dos meses (abril) ficado abaixo dos dois mil milhões de euros.
Com a chegada da série F – com uma taxa de juro base menos generosa a que se soma um prémio de permanência que atinge os 1,75% nos 14.º e 15.º anos -, no início de junho, as emissões abrandaram, ao ponto de em outubro terem captado a entrada de 271 milhões de euros, ou seja, cerca de 10 vezes menos do que o valor observado em maio.
Como observa António Ribeiro, se em junho a taxa de juro dos CA (2,5%) “estava em linha com os melhores depósitos, rapidamente foi ficando para trás” porque desde essa altura “os bancos foram subindo as taxas de juros dos depósitos”, havendo atualmente “cerca de uma centena de depósitos a prazo a oferecer rendimento igual ou superior ao dos Certificados de Aforro”.
“Supondo que a taxa base de 2,5% bruta [da série F] se mantém no futuro e considerando os prémios de permanência, para o prazo de cinco anos proporcionam um rendimento anual líquido de 2%; e 2,4% se aplicar por 15 anos, o prazo máximo. Atualmente há depósitos no mercado a render até 3% líquida a 12 meses”, aponta o analista financeiro da Deco.
António Ribeiro reitera que o lançamento da nova série de CA “foi bastante prejudicial para o aforrador, que ficou com menos alternativas para aplicar a poupança” tendo sido uma “má medida” que “apenas favoreceu a banca”.
Numa altura em que, refere António Ribeiro, a Euribor está próxima dos 4% e o Banco Central Europeu (BCE) não dá indicações de que tenciona baixar as suas taxas diretoras no curto prazo, “a manter-se este cenário, os resgates desta série podem vir a superar as subscrições”, à semelhança do que acontece com os Certificados do Tesouro.
“Se a série F, que acabou de nascer, já está a morrer, os Certificados do Tesouro Poupança Valor estão literalmente a soro, com rendimento abaixo de 1%”, acentua. No entanto, observa, quem tem CA de séries anteriores, a taxa de remuneração é maior, pelo que os seus titulares devem mantê-los.
“Quem tem as séries antigas dos certificados de aforro, deve manter, já que as taxas são bastante superiores. Por exemplo, na série C a taxa supera os 6%, na série D está em 4,5% e na série E (que vigorou até junho) a taxa base varia entre 3,5 e 4,5%, consoante a data de subscrição”, refere.
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