Opinião
Sim, mudar é possível
RICARDO CASTANHEIRA
O Brasil está a viver um momento histórico. Se as dúvidas são muitas sobre as motivações, os atores e as consequências de todos estes movimentos sociais, uma certeza, porém, une todos os observadores: nada será como dantes e o país vai passar por uma reforma profunda, seja ela qual for.
Em poucos dias, a energia das ruas obrigou os mesmos do costume – que habitam empedernidos os corredores do poder em Brasilia – a subitamente alterar a agenda legislativa. Temas que estavam há anos nas gavetas viram rapidamente a luz do dia. Combate à corrupção, investimentos significativos na Educação e na Saúde públicas, revisão de regras fiscais e até mudanças no sistema político foram parar ordem do dia.
Afinal de contas porque levaram tanto tempo a virar prioridades politicas? Faltava vontade aos suspeitos do costume.
Os mercados – essa entidade abstrata que comanda as nossas vidas (que o digam europeus e americanos) – também reagiram de imediato: o dólar e o euro dispararam e o real desvalorizou-se; a bolsa caiu e os fantasmas do passado sobre um certo isolamento financeiro internacional do Brasil voltaram a pairar. Afinal, os mercados existem mesmo!..
Enfim, Dilma anda perdida e reage sempre depois dos acontecimentos. O povo entendeu que tem mesmo o poder de mudar à distäncia de uma passeata organizada pelas redes sociais. E a oposição mais perdida que o governo não sabe como aproveitar a espontaneidade social.
No meio deste turbilhão de acontecimentos, ideias e protagonismos lembrei-me de Coimbra. Sempre ela, como se de uma inevitabilidade se tratasse!
É que nessa cidade, com as devidas diferenças, pode acontecer algo semelhante ao que se está a passar no Brasil. Uma mudança de paradigma. O surgimento de novos protagonistas. Uma reforma política e social. De forma pacífica e consciente um movimento de cidadãos livres e independentes organizou-se para gerir os destinos da cidade à luz de ideias novas e de ambições modernas. Quantos mais faltarão para confirmarem que, sim, mudar é possível?
RICARDO CASTANHEIRA
Jurista – Sócio da CAPA – Sociedade de Advogados
Diretor de Assuntos Corporativos Microsoft Brasil
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