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Coimbra lidera investigação para prevenir e tratar a depressão durante a gravidez e após o parto

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 03-11-2023

Prevenir, diagnosticar e tratar a depressão no período perinatal (fase que decorre durante a gravidez até um ano após o parto) é objetivo central das novas recomendações para a prática clínica criadas por rede de investigação liderada pela Universidade de Coimbra (UC). As 44 recomendações pretendem orientar e apoiar a tomada de decisão de profissionais de saúde e pacientes para que, em conjunto, definam o acompanhamento e o tratamento mais adequados à realidade de cada mulher.

As orientações foram desenvolvidas pela rede Research Innovation and Sustainable Pan-European Network in Peripartum Depression Disorder (Riseup-PPD), financiada pelo COST (European Cooperation in Science and Technology), financiamento destinado a apoiar redes de investigação e inovação que promovam a cooperação em investigação na Europa. Coordenada pela Universidade de Coimbra, a rede envolve investigadores e profissionais oriundos de 31 países: Albânia, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Israel, Itália, Letónia, Malta, Países Baixos, Macedónia do Norte, Noruega, Polónia, Portugal, Sérvia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Reino Unido.

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“Para prevenir a depressão perinatal e disponibilizar um diagnóstico atempado seguido de um tratamento adequado, é fundamental ter recomendações para a prática clínica, sobre a prevenção, diagnóstico e diferentes opções de tratamento, baseadas em evidência”, explica a investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) e coordenadora da Riseup-PPD, Ana Ganho Ávila. 

Atualmente, “muitos países europeus não têm em vigor recomendações para a prática clínica na depressão perinatal; e, nos países onde já existem essas orientações, a baixa qualidade metodológica e as discrepâncias das recomendações podem levar a disparidades e desigualdades no acompanhamento clínico da depressão perinatal”, explica Ana Ganho Ávila. A gravidez e o primeiro ano após o parto (o denominado período perinatal) são “períodos de mudanças psicológicas, fisiológicas e sociais tremendas na vida das mulheres, e estima-se que uma em cada cinco mulheres possa vir a ter problemas de saúde mental durante este período, sendo a depressão e a ansiedade os problemas mais prevalentes”, avança a investigadora da Universidade de Coimbra.

Neste contexto, o grupo da Riseup-PPD responsável pelo desenvolvimento de recomendações para a prática clínica (Clinical Guidelines Group), que é liderado pela investigadora do CINEICC e psicóloga clínica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Mariana Moura-Ramos, elaborou o documento Evidence-Based Guidelines for Prevention, Screening and Treatment of Peripartum Depression.

As recomendações são direcionadas a vários profissionais de saúde, nomeadamente das áreas de psiquiatria, psicologia, enfermagem, obstetrícia ou pediatria que, no seu contexto profissional, contactam com mulheres e seus parceiros em momentos como o planeamento da maternidade, a gravidez ou o primeiro ano após o nascimento, que podem vir a sofrer de depressão ou que tenham já sintomatologia. “É fundamental que mulheres, seus parceiros e profissionais de saúde tenham conhecimentos sobre a prevenção da saúde mental nesta fase, dado que a depressão perinatal afeta negativamente a mãe e a sua saúde, a saúde e o desenvolvimento do bebé, e afeta ainda laços e relações familiares”, sublinha Ana Ganho Ávila. 

Este conjunto de recomendações para a prática clínica pode ser adotado por qualquer serviço de saúde sediado nos 31 países que participaram na rede Riseup-PPD. 

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Na próxima terça-feira, dia 7 de novembro, membros da Riseup-PPD vão apresentar as 44 recomendações para prevenir, diagnosticar e tratar a depressão perinatal no Parlamento Europeu, entre as 12h30 e as 14h (hora em Bruxelas). A equipa vai ser recebida pela eurodeputada alemã Maria Noichl. “Esta reunião é fundamental para chamar a atenção dos legisladores e políticos europeus para a saúde mental das mulheres durante o período da gravidez e durante o primeiro ano após o parto”, destaca Ana Ganho Ávila.  “Esperamos que esta reunião promova a discussão sobre a saúde mental no período perinatal e que coloque esta questão tão importante na agenda política nacional e internacional em toda a Europa”, remata.

 

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