Crimes
Antiga educadora de creche que “agarrou cabelos de uma criança” nega crimes de maus-tratos
Uma antiga educadora de uma creche nas Caldas da Rainha negou hoje, no Tribunal Judicial de Leiria, os crimes de maus-tratos de que alegadamente foram vítimas várias crianças e garantiu que os factos são mentira.
Na primeira sessão do julgamento em que são arguidas mais duas ex-funcionárias da creche, uma antiga auxiliar e uma ex-ajudante de ação educativa/administrativa (ambas optaram pelo silêncio na audiência), a antiga educadora, confrontada com os pontos do despacho de acusação, repetiu “não é verdade” ou “é mentira”.
O Ministério Público (MP) acusou a educadora de 11 crimes de maus-tratos, enquanto a auxiliar de três. A antiga ajudante de ação educativa/administrativa foi acusada de dois crimes de maus-tratos. A duas delas está imputado, ainda, em coautoria, um crime de maus-tratos.
No despacho de acusação, o MP, que não conseguiu identificar todas as crianças supostamente vítimas de maus-tratos, descreveu factos compreendidos entre 2016 e 2020, sustentando que as suspeitas expuseram os menores a “um ambiente de terror psicológico, violência e agressividade”.
Quanto à educadora, o MP apontou, entre outros factos, que “agarrou pelos cabelos” uma criança, a outra deu uma “chapada de mão aberta na face” e a uma terceira “desferiu-lhe, com força, duas bofetadas na boca”.
No que se refere à ajudante de ação educativa/administrativa, o MP relatou, entre outras situações, que, quando uma criança do pré-escolar se recusou a comer, aquela “pegou na taça de aço inoxidável com sopa que estava em cima da mesa e atirou-a em direção” à menor, atingindo-a na cara.
Já no caso da auxiliar, por exemplo, sustentou que esta, na sala do berçário, “enquanto batia com força, com uma colher de pau, na mesa”, dizia a uma criança “tu és mau, a culpa é tua”.
O MP considerou que as arguidas agiram “sempre com o propósito de molestar física, verbal e psicologicamente as crianças que estavam, ao seu cuidado, com idades compreendidas entre os 03 meses e os 04 anos de idade, completamente indefesas e incapazes de se defenderem e de se queixarem”.
Ao coletivo de juízes, a educadora, que exerceu funções na instituição “quase 23 anos”, garantiu ainda não se rever nas situações descritas na acusação, assegurando que “nunca aconteceu”.
“Nunca tive esse tipo de conduta”, sublinhou, referindo que o seu papel era “cuidar e proteger” e que teve sempre uma “relação boa com as crianças e pais”.
Questionada pela juíza-presidente sobre qual a explicação que dava para os factos que lhe são atribuídos, a arguida declarou: “A única explicação que vejo é que só tenho o 12.º ano e havia pessoas com ensino superior e achavam que eu não estava bem ali, que ali não era o meu lugar”.
A arguida, que citou o nome de duas antigas colegas, respondeu depois à pergunta se terão sido essas que inventaram: “Alguém inventou, eu não sei”.
A educadora acrescentou que nunca, no período em que trabalhou na creche, teve qualquer queixa de pais relativamente a crianças maltratadas.
O julgamento prossegue no dia 02 de novembro, com a audição de testemunhas.
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