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Estudo da Universidade de Coimbra identifica riscos da contaminação simultânea de nanoplásticos e metais para bom funcionamento dos ecossistemas de água doce

Notícias de Coimbra | 1 ano atrás em 16-10-2023

Um estudo internacional liderado por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com Harcourt Butler Technical University (Índia) e a Konkuk University (Coreia do Sul), identificou os principais riscos que a ocorrência simultânea de nanoplásticos e metais representa para o bom funcionamento dos ecossistemas de água doce.

O estudo “Does functionalised nanoplastics modulate the cellular and physiological responses of aquatic fungi to metals?”, publicado na revista Environmental Pollution, apresenta os possíveis impactos causados por esta co-contaminação de águas doces devido a concentrações realistas destes materiais, concluindo ainda que a funcionalização da superfície dos nanoplásticos facilita a adsorção de metais, modulando assim os impactos causados pelos metais nos fungos aquáticos.

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“Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente em compreender os efeitos combinados dos poluentes nos organismos, uma vez que sua coexistência é uma realidade inevitável» revela Juliana Barros, primeira autora do estudo e doutoranda em Biociências na FCTUC, orientada por Seena Sahadevan, coautora e investigadora no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e Rede de Investigação Aquática (ARNET), do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da FCTUC, esclarecendo que «os nanoplásticos são fragmentos de plástico com menos de 1000 nanómetros (nm), aproximadamente o tamanho de um vírus, habitualmente utilizados pelas indústrias farmacêutica, cosmética e de produtos de limpeza”.

Segundo as autoras do estudo, as águas doces são particularmente vulneráveis a contaminantes, uma vez que servem de interface primária entre os compartimentos terrestres e aquáticos. Portanto, são frequentemente mais suscetíveis aos efeitos adversos dos contaminantes emergentes do que outros compartimentos.

“As atividades mineiras contribuem para a ocorrência de metais nos sistemas de água doce, levando à coexistência de metais com contaminantes emergentes, como os nanoplásticos. Em pequenos cursos de água a decomposição da matéria orgânica é um processo crucial, responsável pela transferência de energia e nutrientes através dos níveis tróficos da cadeia alimentar. Os hifomicetes aquáticos são os principais mediadores deste processo. Estes fungos são capazes de modificar os componentes recalcitrantes da folha, melhorando assim a sua palatabilidade e qualidade nutricional para consumo pelos invertebrados”, refere a dupla do DCV.

Durante a investigação realizou-se um ensaio laboratorial com concentrações realistas de nanoplásticos, com dois tipos de nanoplásticos (poliestireno regular e carboxilados) e estudaram-se os seus efeitos combinados com o cobre nos processos celulares e crescimento de um hifomicete aquático comum e muito difundido (Articulospora tetracladia)», explica Juliana Barros.

“Os nanoplásticos, o cobre e a sua co exposição ao hifomicete aquático A. tetracladia podem levar ao stress oxidativo e à rutura da membrana plasmática. Na maioria dos casos, a exposição a tratamentos contendo nanoplásticos funcionalizados combinados com cobre mostrou uma maior resposta celular e suprimiu o crescimento do fungo”, conclui Seena Sahadevan.

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O artigo científico pode ser consultado aqui.

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