Escolas

Associação pede formação para professores apoiarem alunos disléxicos

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 10-10-2023

 A Associação Portuguesa de Dislexia (Dislex) alertou hoje para a “incapacidade” de os professores acompanharem e identificarem alunos disléxicos e defendeu formação nesta área, especialmente para os docentes do 1.º Ciclo.

“Em Portugal, o único estudo de prevalência da dislexia, apresentado em 2011, aponta uma taxa de 5,4% de crianças com perturbações da aprendizagem relacionadas com a dislexia. Ou seja, estima-se que haja, pelo menos, um aluno disléxico por turma nas escolas portuguesas e que quase metade das crianças portuguesas que frequentam a educação especial sejam disléxicas”, recordou hoje a associação, por ocasião do Dia Mundial da Dislexia.

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Num testemunho enviado à agência Lusa, a presidente da Dislex, Helena Serra, advertiu que há ainda muitos casos por identificar e que o único estudo português peca por falta de representatividade, ao ter incluído 1.460 crianças, todas do 1.º Ciclo.

“Este é um problema com origem na formação dos professores, porque o sistema educativo não prevê um tipo de formação específica de forma obrigatória. Deste modo, muitos casos acabam por ser detetados já numa fase tardia da vida da criança, o que se traduz, posteriormente, em insucesso escolar, em muita frustração, em oposição à frequência da escola, em discriminação por parte dos colegas e em défice de saúde mental”, acrescentou Helena Serra.

A formação de professores especializados e de apoio socioeducativo, defendeu, é um fator essencial para garantir “uma intervenção adequada” nas crianças com dislexia e um acompanhamento que atenue os problemas das crianças com esta condição.

“Só depois da identificação destes casos por parte dos profissionais de educação qualificados é que psicólogos, docentes especializados e terapeutas da fala podem intervir”, sublinhou, destacando que o “apoio ocasional” do docente de educação especial não é suficiente.

A dislexia é uma perturbação específica de aprendizagem, com origem neurológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento adequado das palavras e dificuldades de descodificação. Apesar de estar relacionada com a aprendizagem da leitura, pode ter consequências noutras áreas académicas e a nível emocional e comportamental.

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Segundo os dados conhecidos, a dislexia afeta 600 milhões de pessoas no mundo. A associação divulgou alguns exemplos de figuras mundialmente conhecidas, que se destacaram na comunidade, e que sofreriam de dislexia, tais como o físico Albert Einstein, os pintores Pablo Picasso e Vicent Van Gogh, o cientista e artista Leonardo Da Vinci, a escritora Agatha Christie, o estadista Winston Churchill, o cineasta Steven Spielberg e o cozinheiro Jamie Oliver.

A Dislex – Associação Portuguesa de Dislexia foi fundada em 2000, no Porto, para promover a investigação nesta área e a formação de profissionais.

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