Economia
Jovens socialistas satisfeitos com medidas de António Costa mas pedem atenção à habitação
Os jovens que participaram na Academia Socialista, em Évora, elogiam de forma geral as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, mas pedem atenção ao acesso à habitação e acreditam que é possível “fazer mais”.
Foram cinco dias de Academia Socialista que, para os 80 jovens entre os 18 e 30 anos que se juntaram em Évora, começaram logo com ‘chave de ouro’. O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, levou consigo vários ‘brindes’, mas entre elogios ao “bom caminho”, alguns “camaradas” mais novos continuam preocupados com o acesso à habitação.
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David Heijselaar, 19 anos e militante da Juventude Socialista (JS), estava sentado atrás de António Costa quando na quarta-feira à noite descobriu que, a partir do próximo ano, ia passar a ter passe de transporte público gratuito.
Paga 600 euros por mês por um quarto na capital, onde estuda, e manifesta-se preocupado com os amigos que conhece e que não vieram estudar para Lisboa “precisamente por falta de dinheiro”.
“A [área] mais importante de todas e que não foi tocada é a questão da habitação, é mesmo se calhar a maior condicionante para muita gente não ir para a universidade”, disse.
Também Tomás Santos, de 18 anos, disse que “ficou surpreso” com as medidas anunciadas na quarta-feira à noite – principalmente o passe para menores de 23 anos – mas sente que as medidas para a habitação “continuam escassas”.
“Há o Porta 65 mas acho que neste pacote teria feito sentido medidas mais direcionadas para a habitação e também de apoio para os jovens que têm que estar deslocados”, defendeu.
No dia seguinte aos anúncios feitos por Costa, o secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, considerou que as medidas eram uma “resposta concreta” ao problema estrutural dos salários, mas reconheceu as dificuldades dos mais jovens no pagamento do alojamento estudantil que classificou como uma “segunda propina” – apesar de realçar algumas medidas atualmente em desenvolvimento.
Mariana Gomes, de 19 anos, e Ana Vitorino, de 24 anos, também consideram que existe espaço para melhorar nesta área mas enaltecem “o caminho” feito até aqui pelos governos socialistas e alertam que o tema do acesso à habitação “não se resolve de um dia para o outro”.
Já Duarte Figueiredo, 20 anos, de Benavente (Santarém) salienta um outro aspeto do acesso dos jovens ao Ensino Superior, que definiu como “deslocamento estudantil”, ou seja, a melhoria da qualidade dos transportes públicos para que quem vive relativamente perto dos grandes centros urbanos possa ir estudar e regressar a casa diariamente.
De acordo com informação disponibilizada pelo PS à Lusa, participaram nesta Academia Socialista 32 mulheres e 48 homens, a maioria (40%) entre os 18 e 20 anos. 39 estudam, 13 trabalham e 28 são trabalhadores-estudantes. A grande maioria milita ou na Juventude Socialista, ou no PS, mas 14 participantes não são militantes.
É o caso de Nuno Lopes, de 27 anos, que vive em Queluz-Belas, concelho de Sintra. É engenheiro eletrotécnico a terminar o mestrado e confessou que há uns anos quis envolver-se mais na política. Recentemente, e identificando-se mais com “valores de esquerda”. Passou pelo largo do Rato, em Lisboa, e entrou na sede do PS para perguntar como se poderia envolver, o que o trouxe até Évora.
Nuno gostou dos incentivos aos jovens para ficarem no país a trabalhar, mas é mais cauteloso sobre medidas no campo da habitação, esperando para ver resultados a longo prazo.
Ainda não sabe se se vai juntar à militância na JS ou no PS quando acabar a academia, mas sabe de uma coisa: “o PS precisa de mais jovens”.
A Academia Socialista termina hoje, com um discurso do presidente do partido, Carlos César.
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