Saúde
Campanha apela ao diagnóstico precoce dos cancros do sangue
A campanha ‘Invisível até ser demasiado visível’, que é lançada sexta-feira, pretende alertar para a importância do diagnóstico precoce dos cancros do sangue, cuja incidência está a aumentar, descreveu hoje o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL).
“As doenças de sangue verdadeiramente graves, como uma leucemia, um mieloma ou linfoma, ou outras, são, apesar de tudo, pouco frequentes, mas não as podemos ignorar. Um diagnóstico precoce pode fazer a diferença entre ter uma doença controlada com relativa facilidade ou ter uma doença já muito dificultada e com risco de vida”, disse Manuel Abecasis.
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Em entrevista à agência Lusa, o presidente de uma das associações que pelo terceiro ano consecutivo lançam uma campanha para alertar para os sintomas dos cancros de sangue previne: “Alguns sintomas são pouco específicos. Mas não se podem ignorar. Consultar o médico assistente é crucial”.
Das queixas mais frequentes, como emagrecimento, suores noturnos, cansaço fácil, falta de concentração ou falta de apetite, às mais específicas, como nódoas negras, gânglios aumentados de volume no pescoço ou na axila e febre, “todos os sinais devem ser alvo de análises e exames”.
Segundo o hematologista, em algumas destas doenças do sangue tem-se observado um aumento do número anual de casos, enquanto noutras a incidência tem-se mantido relativamente estável. “Estamos em linha com o que está a acontecer em outros países desenvolvidos”, descreveu.
Nas vésperas do Mês de Sensibilização para os Cancros do Sangue, que se assinala em setembro, e focando-se nas doenças hematológicas malignas, aquelas que comummente assustam mais as pessoas, como as leucemias, os linfomas ou os mielomas, o médico destacou que se têm verificado progressos muito importantes nos últimos anos.
“Em todas as áreas há avanços – numas mais do que noutras –, mas estamos a assistir a uma verdadeira revolução no tratamento das doenças, com benefícios claros para os doentes. Há tratamentos mais eficazes que têm menos toxicidades do que a quimioterapia convencional. Felizmente, a perspetiva destas doenças, em esperança de vida para os doentes, tem-se vindo a modificar bastante”, disse.
Os progressos, acrescentou Manuel Abecasis, vão da compreensão das causas aos medicamentos e tratamentos.
“Há 15 anos, um doente com mieloma tinha uma esperança de vida que andava pelos quatro/cinco anos e hoje isso já está ultrapassado. A doença não é curável em si, mas é possível prolongar bastante a vida média dos doentes, conservando a qualidade de vida”, descreveu.
E, se para os linfomas têm surgido novos medicamentos que têm contribuído para a melhoria dos panoramas, já a área da imunoterapia ativa tem progredido muito com as chamadas células Car-T que são células geneticamente modificadas (células do próprio doente que são reeducadas e vão reconhecer, atacar e eliminar a doença).
“São avanços notáveis que permitiram que, quando os tratamentos de primeira e segunda linha falham e as doenças resistem, exista uma nova opção. Esses doentes eram orientados para cuidados paliativos e hoje em dia uma percentagem muito substancial, 40%, são curáveis com introdução da terapêutica baseada nas Car-T”, acrescentou.
A campanha ‘Invisível até ser demasiado visível’ é lançada sexta-feira pela farmacêutica Takeda, com o apoio da Associação Portuguesa Contra a Leucemia, da Associação Portuguesa de Leucemia e Linfomas e da Associação de Apoio aos Doentes com Leucemia e Linfomas.
Além da presença nas redes sociais, a campanha contará com testemunhos reais de doentes, divulgação em mais de 400 autocarros da STCP e distribuição de folhetos informativos, em parceria com o Continente, entre outras ações que estão a ser planeadas.
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