Portugal
Nem metade das “Aldeias Seguras” que já aderiram ao programa tem plano de evacuação
Os programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras” servem para preparar os habitantes em caso de incêndios. Registaram, no último ano, o crescimento mais baixo desde que foram criados, em 2018. Entre as aldeias que aderiram e as que desistiram, o aumento foi de 12 novos aglomerados populacionais no último ano e nem metade dos existentes tem plano de evacuação.
O seu objetivo é decisivo para salvar vidas quando um fogo ameaça, mas pede-se maior dinâmica e reforço de meios para travar a quase estagnação em que entrou. Em agosto do ano passado havia 2.233 populações abrangidas e agora há 2.255. Apenas mais 12, segundo o site “aldeiasseguras.pt”, do Governo e da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Além de se registar o crescimento mais baixo de sempre, o número de aldeias que aderiram está longe das sete mil que são o objetivo para 2030, adianta o Jornal de Notícias (JN).
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O portal mostra ainda que há 918 planos de evacuação (mais 60 do que há um ano), mas nem metade das aldeias o tem. Há 2.103 povoações com oficial de segurança (mais 15), 1.417 locais de abrigo cobertos (mais 71) e 1.412 locais de refúgio ao ar livre (mais 80).
Sobre a diminuição das adesões, a ANEPC explica que a decisão de adesão ao “Aldeia Segura” “está sempre dependente das entidades responsáveis à escala local”, leia-se câmaras e juntas. Uma vez que a meta de chegar às sete mil aldeias no final da década foi definida em 2020, “poderão no futuro vir a ser redefinidas as metas e indicadores em causa”.
Apesar dos números, a entidade faz um balanço geral “claramente positivo” da implementação do programa, tendo por base o reporte das câmaras e juntas. Concretamente, adiantam que o programa “trouxe benefícios” ao nível da identificação de abrigos, consciencialização das populações, boas práticas na utilização do fogo e gestão da floresta, escreve o JN.
António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses refere que “se não houver recursos financeiros adequados e se não houver recursos humanos preparados para estes programas é muito difícil que o alargamento ocorra e mais difícil é manter”. O dirigente critica a ANEPC por se ter “dedicado mais a comandar bombeiros do que a desempenhar o seu papel de preparação da comunidade”.
Para Domingos Xavier Viegas, especialista em incêndios florestais, da Universidade de Coimbra, defende que a conceção do “Aldeia Segura” “devia ser revista” e “devia haver maior dotação” orçamental.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, lançou um apelo para que os cidadãos “contribuam para este objetivo” de reduzir o número e a dimensão dos incêndios florestais. O governante falava em Odemira, ontem, na ressaca de um dos maiores incêndios deste ano: “Temos que estar preparados para um verão muito difícil que se vai prolongar até setembro ou até outubro”, afirmou.
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