Saúde
Vacina contra o cancro “em fase de testes” pode ser feita em Portugal
Ainda está em fase de testes e longe de poder ser usada pelos doentes com cancro, mas há passos importantes a ser dados para o desenvolvimento de uma vacina que atua contra diversos tipos de tumores. A produção pode vir a ser feita em Portugal, na Stemmatters, numa empresa em Guimarães, que se dedica à produção de medicamentos experimentais. O processo de obtenção da autorização para o desenvolvimento e fabrico da vacina está em apreciação no Infarmed, adianta o Jornal de Notícias (JN).
“Não é como a vacina da covid-19”, explica Lúcio Lara Santos, do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, ou seja, não será administrada no braço ou de forma superficial, em qualquer outra parte do corpo. Mas sim injetada no sangue do doente. O projeto DC Matters, iniciado em julho de 2021, teve como objetivo “construir uma vacina mais capaz” do que aquelas que já existiam compostas por células dendríticas, diz Pedro M. Costa, da Stemmatters.
“A partir de uma colheita de sangue dos doentes, isolam-se as células dendríticas, as responsáveis por identificar moléculas desconhecidas, como os tumores. Depois, terá de ser retirada uma amostra do tumor, uma fase que só será possível no ensaio clínico. Em laboratório, os cientistas tratarão de “ensinar” as células dendríticas a ter uma resposta imunológica àquele tumor, voltando a injetar aquela solução no sangue do doente”, lê-se na notícia.
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As vacinas de células dendríticas “não são uma novidade”, explica Pedro Costa. Porém, a inovação do projeto está na combinação da vacina com “inibidores do checkpoint imunológico”, isto, é “terapia à base de anticorpos”, refere o diretor de operações da Stemmatters. “Combinar a vacina com tratamentos de imunoterapia é algo que nunca se fez”, afirma o oncologista Lúcio Lara Santos.
Por se tratar de uma “terapia individualizada”, para cada doente e tipo de tumor, Pedro M. Costa acredita que a produção de vacinas de células dendríticas em Portugal poderá mudar o paradigma. “Deixaria de ser necessário enviar as células dos pacientes para a Holanda, por exemplo”. A longo prazo, e caso haja resultados promissores num ensaio clínico, a combinação de vacina mais a imunoterapia poderia substituir os tratamentos de quimioterapia. Para já, ainda “estamos numa fase precoce”, diz.
O projeto envolve várias instituições, como a Stemmatters, o IPO do Porto, a Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e o Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde. A iniciativa contou com um investimento de 2,1 milhões de euros do Portugal 2020.
A vacina está em fase de testes “para mostrar que é eficaz”, afiança Pedro M. Costa. Em breve, poderão começar a ser feitos testes. Vários tipos de tumores, como o do pulmão, bexiga ou cólon, podem ser abrangidos por esta solução.
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