Coimbra
“É uma calamidade”! Agricultores lamentam prejuízos causados por animais selvagens
Agricultores do distrito de Coimbra e, concretamente, do município de Penacova, lamentaram hoje os prejuízos causados por animais selvagens como o javali, veado ou corça e alegaram que se trata de uma calamidade.
“É uma calamidade a destruição de campos de milho, mas também de vinhas e árvores de frutos secos, feita principalmente pelos javalis, mas com muitos dos prejuízos a serem também causados por veados e corças”, frisou, em comunicado, a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (Adaco).
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Na nota enviada à agência Lusa, a Adaco contestou “a medida anunciada pelo Governo da liberalização da caça ao javali pelas zonas de caça associativa”, argumentando que “não é suficiente para resolver o problema da sobrepopulação de javalis” e exigiu novas medidas.
No texto, a associação coordenada por Isménio Oliveira admite que a destruição de culturas por animais selvagens “é um problema nacional”, mas nota que tem “muito impacto” no distrito de Coimbra.
Ainda de acordo com a Adaco, as conclusões do Plano Estratégico e de Ação do Javali, promovido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), e divulgado a 30 de maio, situam a população daqueles animais, em Portugal, entre os 300 e os 400 mil exemplares “confirmando o que os agricultores têm denunciado nos últimos anos”.
“Os agricultores e a ADACO entendem que para a solução do problema são necessárias medidas adicionais para os prejuízos causados por estes animais”, sustenta a nota.
Ouvido pela Lusa, Isménio Oliveira explicou que a associação – que, na quinta-feira, promove uma concentração de agricultores lesados por animais selvagens, pelas 10:00, em frente à Câmara Municipal de Penacova – quer que aqueles sejam ressarcidos pelos prejuízos causados, reclamando apoios do Governo.
“O ICNF recebe, todos os anos, taxas de licenças de caça e pesca entre os 10 a 11 milhões de euros. Podia ajudar a pagar [os prejuízos], indicou Isménio Oliveira.
A questão do pagamento dos prejuízos está ainda relacionada com legislação de 2004 (que a associação quer ver alterada) por impor aquele ressarcimento às zonas de caça associativa: “Ora, os prejuízos aumentaram muito e não têm como pagar, tem de ser o governo”, insistiu.
Outra medida que a Adaco defende passa pelo controle de densidade da população de javalis, porque “sem isso o problema não se resolve”, observou.
Segundo o líder da Adaco, em 2019 os javalis em Portugal eram cerca de 100 mil exemplares, número aparentemente subavaliado, já que o estudo divulgado há cerca de dois meses situa essa população em 300 a 400 mil, três a quatro vezes mais.
“E só há 10% de abate [que os agricultores apelidam de extração] e o estudo aponta para 20 ou 30%. Mas se houve um aumento de javalis de 200 % ou 300% em quatro anos, a extração devia ser no mínimo de 50% e mesmo assim não deve chegar”, defendeu Isménio Oliveira.
Por outro lado, “cada vez há menos caçadores e o problema não se resolve esperando que sejam os caçadores a resolver”, vincou.
“Se nada for feito, terão de ser os agricultores a arcar com os prejuízos e isso não pode ser. Queremos que seja o governo a assumir a responsabilidade”, enfatizou o responsável da Adaco.
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