Saúde
Serão os produtos biológicos realmente os melhores?
Não necessariamente. Várias pessoas consideram os alimentos biológicos mais saudáveis, baseando-se em falsas noções de que são mais seguros para o consumo. Na verdade, até têm pesticidas, no caso das plantas, embora as carnes e lácteos sejam isentos de hormonas, adverte o nutricionista Hugo Canelas do Vida Ativa.
Relativamente à segurança, deve salientar-se que nos últimos relatórios disponíveis foram identificados produtos alimentares contaminados com os chamados pesticidas químicos, os mesmos que são utilizados na agricultura convencional.
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Orgânico ou biológico não é sinónimo de seguro ou saudável. Na verdade, o limiar de toxicidade aguda e crónica de muitos dos pesticidas orgânicos é bem maior do que dos inorgânicos, explica.
“Outra ideia errada acerca destes alimentos é de que apresentam uma qualidade nutricional maior. Infelizmente, neste momento, não é possível concluir que estes produtos sejam mais ricos em antioxidantes, ómega-3 ou mais pobres em nitratos”, refere Hugo Canelas. O mesmo se aplica aos supostos benefícios para a saúde.
O termo “biológico” ou “orgânico” refere-se ao processo pelo qual alguns alimentos são produzidos. Teoricamente, os alimentos biológicos são cultivados ou criados sem recurso a químicos, hormonas, antibióticos e organismos geneticamente modificados.
Embora vários estudos afirmem que os biológicos são nutricionalmente mais ricos, outros não encontraram provas consistentes para os recomendar em detrimento dos convencionais ou inorgânicos.
Os resultados largamente divergentes podem ser atribuídos a fatores como a qualidade dos solos, condições climatéricas e altura das colheitas, lê-se no Vida Ativa.
Já a qualidade das carnes e lácteos pode ser influenciada por fatores genéticos e a própria raça dos animais bem como a sua dieta.
Vários estudos sugerem que os alimentos biológicos apresentam benefícios para a saúde. Por exemplo, referem que o consumo de alimentos biológicos está associado a um menor risco de alergias e eczema em bebés e crianças. Por outro lado, outro estudo observacional não reportou qualquer diferença no risco de cancro em mulheres que nunca ingeriram alimentos biológicos relativamente àquelas que os consumiam com frequência.
“Por fim, um estudo de 3 semanas relatou maiores níveis de antioxidantes na urina de 16 pessoas que ingeriam uma dieta baseada em alimentos biológicos. No entanto, para além de ter uma amostra muito pequena, este estudo apresenta algumas limitações associadas à variabilidade da excreção urinária bem como da fisiologia e microflora intestinais”, conta o profissional.
Assim sendo, não existe evidência científica suficiente para afirmar que os alimentos biológicos são mais saudáveis do que os obtidos através da agricultura convencional.
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